Alegria na guerra
Após o atentando de extremistas islâmicos durante o jogo do Brasil, na terça-feira, na Nigéria, que matou 21 pessoas e feriu 27, o técnico nigeriano, Stephen Keshi, comentou ontem sobre a possibilidade de dar uma alegria nesse momento difícil para o povo do seu país. "Não é uma coisa agradável, pessoas morrendo sem necessidade. Foi difícil para os nigerianos aceitarem. Nosso sentimento está com eles e vamos fazer o máximo possível para ter certeza de que vamos dar um sorriso para eles amanhã [hoje]", disse o treinador.
Quando o atacante Edin Dzeko tinha apenas seis anos, a paixão pelo futebol quase o fez perder a vida. Durante um bombardeio em Sarajevo, em 1992, na Guerra da Bósnia, o então menino só não morreu porque a mãe teve um pressentimento e impediu que ele fosse jogar uma pelada com outros garotos, que acabaram sendo atingidos em um bombardeio. Vinte e quatro anos depois, a expectativa no seu país é que dessa vez ele jogue, agora em Cuiabá, e garanta a primeira vitória da seleção em Mundiais.
A Bósnia-Herzegovina enfrenta a Nigéria, às 19 horas, na Arena Pantanal, precisando que Dzeko brilhe. A estrela do Manchester City decepcionou na estreia contra a Argentina, quando os sul-americanos ganharam por 2 a 1. Assim, pode ver sua seleção ser eliminada na sua primeira Copa caso não evite uma nova derrota nesta noite e os hermanos empatem com o Irã, na abertura da rodada, às 13 horas, em Belo Horizonte.
"Ele é tão importante para nós quanto o [Cristiano] Ronaldo é para o Portugal ou o Neymar para o Brasil ou o Messi para a Argentina. Essa é a importância do Dzeko", resumiu ontem o técnico da Bósnia, Safet Susic, após ser questionado pela Gazeta do Povo. "Sabemos que se perdermos acabou para nós. É um jogo importante não só para os jogadores, mas para o país", admitiu o meia Pjanic, que joga no Roma.
Para que a eliminação não ocorra, Dzeko contará com o apoio de muitos brasileiros. Tanto em Guarujá, no quartel-general da equipe, como agora em Cuiabá, o jogador de 28 anos e 1,93 m tem sido alvo da tietagem dos fãs. Na quinta-feira, por exemplo, quatro jovens ficaram mais de três horas na espera de uma foto com o atleta. Foram driblados e partiram decepcionados.
Do outro lado, quem garante não estar preocupado especialmente com o camisa 11 bósnio é o técnico da Nigéria, Stephen Keshi. Questionado sobre o jogador, ele deu uma resposta comum no discurso de qualquer treinador brasileiro. "Ele [Dzeko] não está sozinho, joga bem, mas ao lado de 10 jogadores. Tenho de ficar preocupado com toda a equipe adversária. Ele não vai pegar a bola da defesa e chegar até o nosso campo", argumentou.
Para esta partida, a tendência é de que os dois times tenham poucas mudanças. Na Nigéria, a única provável alteração é a entrada do zagueiro Yobo no lugar do machucado Oboabona, que chegou a sair de cadeira de rodas da Arena da Baixada após o empate sem gols com o Irã.
Na Bósnia, o time deve ficar mais ofensivo com a entrada do atacante Visca no lugar do meia Misimovic. Nada que ameace a vaga do sobrevivente Dzeco.
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