O secretário Reginaldo Cordeiro completou ontem um mês à frente da pasta da Copa de 2014 em Curitiba. Híbrido entre a Secretaria do Mundial e do Urbanismo, ficou surpreso ao constatar que a preparação urbana da capital paranaense para o evento esportivo pouco importa à Fifa.
As obras públicas com o selo "legado" e tão valorizadas pelos gestores municipais são desprezadas pela entidade máxima do futebol. "Eles querem saber do estádio e de hospitalidade. É isso. Cândido de Abreu? Avenida das Torres? Nada disso importa para a Fifa", admitiu.
E se o foco é o palco dos quatros jogos do Mundial em 2014, Cordeiro enfim comemora o acesso a informações que nunca teve antes sobre a Arena, quando integrava a Comissão Temática de Estádios da secretaria estadual da Copa.
"Me incomodava demais a falta de informação. Não se tinha acesso a nada, ao andamento da obra por parte do Atlético", relembrou o ex-dirigente da Federação Paranaense de Futebol e responsável por coordenar a fiscalização dos estádios no Paraná.
Apesar de ter se ocupado muito com a intensa fiscalização de casas noturnas deflagrada pela tragédia em Santa Maria (RS) há duas semanas incumbência do cargo no Urbanismo este mês foi suficiente para Reginaldo Cordeiro se inteirar da conclusão da praça esportiva e de toda a engenharia financeira elaborada para custear a empreitada. Os dados vieram, mas o receio quanto ao cronograma persiste.
"Tudo indica que o prazo anunciado de entrega no dia 30 de novembro será mantido. Mas não podemos esquecer que Curitiba é uma cidade suscetível a variações climáticas que podem atrapalhar o andamento. Temos um atraso tolerável ainda de 30 dias depois disso, até 30 de dezembro", comentou.
Ele reconhece que detalhes do estádio como corrimão, sinalizações internas, acessórios, armários, por exemplo, devem ser finalizados apenas no ano da Copa.
O secretário contesta, entretanto, a classificação da Arena como a segunda obra mais atrasada para o Mundial, atrás apenas do estádio de Manaus. "Eles não consideram as estruturas já existentes. Visualmente a obra parece menos volumosa do que é, mas tem muita coisa em andamento. Como as estruturas metálicas que estão sendo construídas pelos fornecedores. Já estão sendo feitas, mas ninguém vê", citou.
Quanto ao polêmico financiamento da obra, o novo responsável pela secretaria informou que até o dia 30 de abril será emitido o primeiro lote de títulos de potencial construtivo crédito virtual concedido pela prefeitura para se construir imóveis de tamanho acima do estabelecido pela legislação municipal , no valor de R$ 30 milhões.
"Existe uma preocupação com os compromissos herdados pela prefeitura. É um ônus que foi assumido. Houve toda uma discussão a respeito e uma adequação nos valores (de R$ 90 para R$ 123 milhões). Mas acredito que o montante será suficiente e que não haverá o risco da emissão de títulos acima disto", disse, em resposta ao Atlético, que alega aumento no custo da conclusão do estádio.
Todo o dinheiro da venda dos títulos irá para uma conta específica para bancar o empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) via agência estadual Fomento Paraná. Reginaldo Cordeiro ainda estuda alguns detalhes da comercialização dos títulos. A expectativa é que o primeiro lote seja vendido até o fim do ano, sob risco de aumento das obrigações da Fomento Paraná, contratante da obrigação.
O Rubro-Negro espera uma parceria com a prefeitura na hora da comercialização, uma vez que há outras modalidades do potencial construtivo no mercado. O valor médio dos títulos é de R$ 300 o metro quadrado, enquanto o do Atlético é de R$ 500, mais o reajuste do Custo Unitário Básico (CUB).