Terreno ao lado da Arena, onde será o estacionamento do estádio: obra ainda não saiu do papel.| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

O anúncio de que Curitiba está fora da Copa das Confederações, em 2013, feito na última quinta-feira, trouxe como consequência um temor na capital paranaense. O medo é de que a cidade deixe de arrecadar muito dinheiro com a ausência no torneio, evento-teste para a Copa do Mundo 2014. As informações divulgadas pelo Jornal Nacional, mas não confirmadas pela Fifa, apontam para Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Brasília como cidades-sede da competição.

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Especialista em marketing esportivo e gestão de clubes de futebol, Amir Somoggi não sabe mensurar precisamente quanto a economia local deixará de movimentar. Ele cita pelo menos dois aspectos em que a capital paranaense deixará de ganhar com a exclusão por parte da Fifa: a visita de turistas durante o torneio e a divulgação positiva da imagem da cidade no exterior – o que poderia impulsionar o turismo internacional no Mundial do ano seguinte. "É só ver que a Fórmula Indy injetou na economia de São Paulo algo em torno de R$ 100 milhões", disse o especialista, ressaltando que o evento esportivo não chegou a ficar uma semana na capital paulista.

Somoggi vai além. Para ele, a saída de Curitiba da Copa das Confederações pode ter reflexo no encaminhamento da cidade como subsede do Mundial de 2014. "A Fifa já vai enxergar as cidades escolhidas, se passarem no teste da Copa das Confederações, como garantias de sede", afirmou.

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Outro que confirma a perda de "milhões de dólares" com a ausência no evento é Henrique Lenz César Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Paraná (Abih-PR). "É um baque muito grande. Nós estávamos preparando todo trabalho da hotelaria já para 2013", avisou, reforçando a lamúria.

Em uma estimativa inicial, César Filho esperava ter 60% do movimento de Copa do Mundo já na Copa das Confederações, que reúne as seis seleções campeãs dos seus continentes, além do país sede (Brasil) e do atual dono do título mundial (Espanha).

"A hotelaria está desde o ano passado se mexendo. Vários restaurantes vêm sendo inaugurados, os taxistas já estão em treinamento", revelou. "Mas no restante ninguém fez nada. Não puseram um saco de areia no [estádio do] Atlético. Já perdemos 2013. Estou começando a ficar com medo de perder a Copa do Mundo", criticou.

No Rubro-Negro a notícia foi encarada com surpresa, pois se esperava o anúncio das escolhidas apenas para julho. O presidente do clube, Marcos Malucelli, diz não acreditar que o veto tenha relação com o imbróglio que tomou conta do início das obras da Arena. Ele até vê um ponto positivo na possibilidade de Curitiba ficar de fora do torneio. "O Atlético não perde nada financeiramente por não ser aqui. Pelo contrário. Dá até um fôlego para tocar as obras. Para a Copa das Confederações o estádio tinha que ficar pronto até dezembro de 2012. Para a Copa do Mundo, o prazo é julho de 2013", disse ele, confirmando a possibilidade de a Arena não fechar para a reforma neste ano. "Se não vai participar, não tem porque precipitar. Pode começar a obra por outra etapa que não atinja o gramado", argumentou.

Os políticos locais seguem com o discurso de que a Fifa ainda não confirmou oficialmente a ausência de Curitiba.

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EspeculaçãoDiretor de comunicação do Comitê Organizador Local (COL), Rodrigo Paiva negou que as sedes da Copa das Confederações já estejam escolhidas. "Isso é uma aposta do Jornal Nacional. Nós vamos divulgar no dia 29 de julho. Qualquer coisa que sair antes disso é especulação", garantiu. Porém o diretor demonstrou, mesmo sem querer, o receio pela forma como Marcos Malucelli está tratando o assunto. "O presidente do Atlético deve estar causando mais problemas para vocês do que esta notícia [da escolha das sedes]", soltou. Questionado sobre a afirmação, ele alfinetou. "Já começou a obra aí?"