Relegados a acompanhar só jogos de menor apelo da Copa de 2014, os curitibanos confessam: esperavam mais. A decepção com o papel coadjuvante da cidade no evento foi comprovada em números. Mais da metade dos moradores da capital, 55,8%, disse que Curitiba merecia uma participação maior do que as quatro partidas, só da primeira fase, durante apenas 11 dias do Mundial.
O baque veio há dias, quando foi anunciada pela Fifa a agenda de jogos e ainda a exclusão do município na Copa das Confederações de 2013. Com exclusividade para a Gazeta do Povo, a Paraná Pesquisa saiu às ruas enquanto os moradores digeriam a participação minúscula da capital a menor entre as 12 subsedes, ao lado de Natal, Manaus e Cuiabá. Apenas 36,71%, dos 504 entrevistados, ficaram satisfeitos com o calendário que sobrou.
Ter uma participação mais respeitável no torneio era um anseio da população desde 2009, quando Curitiba foi uma das escolhidas para alojar o evento. À época, 56,04% dos moradores acreditavam que jogos decisivos das oitavas, das quartas ou até uma semifinal poderia atrair os olhos do mundo para a região. Nada disso.
"Esse sentimento de frustração é de todos os curitibanos, todos os paranaenses que esperavam um pouco mais. A gente só tem a lamentar, porque sabemos que tínhamos mais a oferecer. Somos o quarto PIB entre as capitais, considero que merecíamos um olhar diferente", lamentou o secretário municipal para Assuntos da Copa, Luiz de Carvalho.
Sem a seleção brasileira, que já não desembarcaria mesmo no Afonso Penna por limitações do estádio jogos do Brasil devem ser em locais com no mínimo de 60 mil lugares e a Arena terá 41 mil , e sem duelos mata-mata, o interesse pelos jogos caiu. Dos entrevistados, 68,65% declararam que gostariam de ver alguma partida. O número dos que responderam "sim" em 2009 era de 76,58%.
Restou como único consolo da cidade a aparição de um dos cabeças de chave. E a preferência do público surpreendeu, com a Argentina no topo da lista das seleções citadas na pesquisa, com 49 % de menções.
"Existe uma rivalidade grande, mas uma proximidade sadia entre os paranaenses e os argentinos, até por questões geográficas", comentou Carvalho. "Acho que só se for para torcer contra", brincou o diretor da Paraná Pesquisa, Murilo Hidalgo.
Com os hermanos em campo, Curitiba teria a chance de ao menos ver o atual melhor jogador do mundo ao vivo.
O levantamento também tocou em temas recorrentes sobre o Mundial. Apesar do desprestígio paranaense, o apoio à realização do torneio cresceu em relação à última sondagem, feita em julho: é de 72,82% (era 66,5%).
Por outro lado, dentro da margem de erro, aumentou o número de quem é contra com o uso de dinheiro público para a conclusão das obras no reduto atleticano: de 73% para 74,4%.
"Muito se fala, mas pouco é efetivamente explicado sobre toda essa engenharia financeira. As dúvidas aumentam essa desaprovação", opinou Murilo Hidalgo.
Também é grande o número de pessoas que, há menos de três anos do Mundial, não acredita que as obras na Arena serão com concluídas a tempo. O grupo de desconfiados atingiu 42,9% dos entrevistados.
"O Atlético é um grande parceiro da prefeitura. Houve uma série de discussões internas que se prolongaram, causando um desgaste e um comprometimento do início das obras", disse Carvalho, confiante no cumprimento do cronograma.
Por enquanto, as partes envolvidas poder público municipal e estadual, além do Atlético seguem sem esclarecer como será a manobra financeira para viabilizar financeiramente a obra sem esbarrar em aspectos legais.
"[A Arena] ia ficar e vai ficar pronta para a Copa das Confederações [junho de 2013]", garantiu o gestor das obras do Atlético, Mario Celso Petraglia.
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