Embratur planeja roteiro alternativo ao da agência oficial
Com objetivo de tentar aliviar um pouco a alta dos preços, o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) planeja criar um roteiro alternativo de hospedagens, com sugestões diferentes das oferecidas pela Match, organizadora oficial das hospedagens dos torneios da Fifa. O instituto ligado ao Ministério do Turismo também pediu a revisão das taxas de intermediação da empresa, que, segundo o Embratur, eram responsáveis pelo encarecimento das diárias em mais de 40%. A Match, no entanto, nega que seja responsável pelo aumento das diárias.
O guia alternativo ainda não tem previsão de divulgação. A operadora afirma que fechou contratos com estabelecimentos hoteleiros no Brasil para garantir um número mínimo de quartos para acomodar os atletas, patrocinadores e representantes de marcas licenciadas, além da equipe da Fifa, imprensa, provedores de serviços e de eventuais turistas que queiram contratar a hospedagem pela Match, mas que os torcedores encontram outras formas de reservas suas estadias.
Em nota, a empresa suíça justificou que "com um pequeno número de exceções, onde a Match Services teve de aceitar tarifas acima do normal, todos os outros hotéis participantes aceitaram e concordaram em aceitar a política da Fifa e da Match de oferecer preços razoáveis e aceitáveis". No comunicado, a Match também afirmou que a indústria hoteleira brasileira tem a tradição de aumentar suas margens durante grandes eventos.
Abuso
Em Cuiabá, diária em hotel saltou de R$ 130 para R$ 4,1 mil
O bloqueio de leitos tem aumentado as diárias em todas as cidades-sede da Copa do Mundo. O caso mais emblemático foi um contrato fechado entre os sites Decolar.com e Booking.com com um hotel de Cuiabá, capital do Mato Grosso. Durante os dias do torneio, uma diária no Hotel Roari passou a custar R$ 4,1 mil enquanto em outros períodos o valor era de R$ 130.
O abuso foi denunciado por um jornalista japonês ao Procon local,que acionou o hotel. A administração do Roari justificou que os dois sites bloquearam todos os quartos e praticaram o ágio de 3000%. O Procon notificou as três empresas e o acordo foi desfeito.
Peso de 40% é quanto representaram as taxas de intermediação da Match sobre os preços de hospedagem no país, segundo o Embratur.
Os turistas que vierem para Curitiba acompanhar alguma das quatro partidas da Copa do Mundo na cidade terão que abrir o bolso para se hospedar ao longo dos dez dias em que o certame acontece por aqui. De acordo com levantamento da Gazeta do Povo, as diárias ficarão 170% mais caras, em média, do que o normal.
INFOGRÁFICO: Confira a lista de hotéis e a variação dos preços
A sondagem levou em conta a menor oferta para um quarto duplo disponível tanto nos plantões de reservas dos hotéis como no site oficial da Fifa para hospedagens na cidade. Os períodos comparados são janeiro e junho de 2014. Nos 21 hotéis ainda com vagas para os dois períodos, a diferença de preços varia de 56% a 346%.
A pouca oferta é a justificativa das redes e agências de viagens para a alta. De acordo com uma pesquisa do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), apenas 3% dos quartos oferecidos pelas grandes redes no período da Copa ainda estão disponíveis no Brasil.
Isto é porque a Match, agência suíça credenciada pela Fifa para gerenciar as hospedagens no Brasil ao longo do torneio, bloqueou há praticamente um ano a maioria dos leitos nos 848 hotéis com que fechou parceria no país em Curitiba e região, 65% dos 13 mil leitos foram reservados pela agência. O fórum estima que outros 20% estejam reservados por grandes clientes corporativos e 12% dos quartos estejam destinados a torcedores independentes.
A lotação se confirma nos sites mais populares de buscas por hospedagens. No Booking.com, 88% dos quartos oferecidos pelo sistema de reserva do site já estão ocupados para o período em Curitiba. "Muitas agências e operadores bloqueiam um número enorme de quartos, mesmo que não exista demanda para isso, e acabam negociando com preços acima do mercado", afirma o consultor em marketing de turismo, Adeval Barbosa.
A diretora executiva do Forum de Operadores Hoteleiros do Brasil, Flávia Matos, concorda e explica que algumas redes reservam grandes quantidades de leitos para garantir sua lotação para o período. "Em alguns hotéis menores e independentes, que não contam com divulgação própria, vale a pena reservar o maior número possível de quartos para a Match ou outras agências", explica.
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