Exigência da Fifa nas cidades-sede da Copa, os dois COTs (Centros Oficiais de Treinamento) de Manaus, e um centro construído em Cuiabá, que somados consumiram R$ 62 milhões dos cofres públicos, atravessaram o Mundial às moscas.
Nenhuma das oito seleções que jogaram na Arena Amazônia treinaram nos dois estádios construídos seguindo as normas e exigências da entidade máxima do futebol.
A única seleção que treinaria em um dos centros de treinamento era a Inglaterra, que cancelou a atividade em cima da hora. A Itália também dispensou o uso do COT."Nos comprometemos a realizamos todos os itens obrigatórios e, na prática, vimos que não era necessário este investimento", declarou Evandro Melo, coordenador do UGP-Copa de Manaus.
"Temos que questionar a Fifa, pois fizemos nossa parte e isso mostrou-se desnecessário", completou Melo, irmão do atual governador do Amazonas, José Melo (Pros).
O estádio da Colina, que pertencia ao time do São Raimundo, recebeu o maior investimento, R$ 21 milhões, sendo R$ 9 milhões da União. Tem capacidade para 10 mil torcedores, além de espaço para imprensa. O outro estádio é o CT do Coroado, que custou R$ 15 milhões aos cofres do governo estadual e comporta cinco mil pessoas.
As programações das seleções que jogam em Manaus prevê chegadas na véspera da partida, com apenas um treino, na própria Arena Amazônia, atividade que a Fifa obriga a todas as equipes.
Em obras
A situação em Cuiabá também foi crítica. A obra do COT do Pari, orçada em R$ 26 milhões e erguida na cidade vizinha de Várzea Grande, também ficou de fora da Copa.
O outro COT da cidade, erguido na UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), custou R$ 17 milhões e foi inaugurado no domingo (15) ainda inacabado. A Coreia do Sul e a Nigéria treinaram lá.
No Recife, a prefeitura investiu R$ 7 milhões em benfeitorias nos CTs de Náutico e Sport para adequá-los segundo o padrão Fifa. No entanto, nenhuma seleção chegou perto de lá.
O superintendente do CT do Náutico, Daniel Hazin, se diz frustrado. "Todos os preparativos que fizemos foram em vão", lamentou Hazin, que disse ter contratado um grupo de maracatu para recepcionar os jogadores e mandado fazer camisas do clube personalizadas com o nome de cada atleta. "Essa Copa vai passar no Recife praticamente em branco, na minha concepção."
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, negou que esses espaços fiquem sem uso no futuro."Só investimos dinheiro público em equipamento público. Esses centros de treinamento, ainda que não tenham sido usados durante a Copa, o que penso que só aconteceu em Manaus e Cuiabá, servirão para a população, seja para o esporte de alto rendimento, de formação de atletas ou educacional. São equipamentos de uso publico."
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