A Polícia Militar do Rio teve de usar da força para retirar os manifestantes que ocupavam o Museu do Índio, ao lado do Estádio Maracanã. Policiais do Batalhão de Choque arrastaram dez manifestantes por volta de 12h30. Ao todo, 24 ativistas foram detidos porque resistiram à desocupação. Eles foram levados para a 18ª DP em um ônibus da PM. A operação contou com a participação de 150 homens dos dois batalhões.
O protesto é contra a desapropriação do antigo Museu do Índio, cuja estrutura será utilizada pela organização da Copa do mundo.
Os manifestantes estavam em volta de uma árvore onde está pendurado o índio Urutau Guajajara desde as 9h30.
O Corpo de Bombeiros estendeu uma escada em direção à arvore, mas o índio se recusou a descer. Eles estudam com os bombeiros o que fazer para tirá-lo do galho alto.
Tensão
No momento do conflito, eram 30 manifestantes sentados em protesto nas imediações do tronco. A PM mandou todo mundo sair. Só dez ficaram, e foram arrastados em meio a gritos e ameaças. Um homem, que dirigia desaforos a policiais, foi preso em flagrante.
Os demais chamavam os PMs de "cachorrinhos do Cabral (referência ao governador Sérgio Cabral). Com eles, uma faixa com a pergunta, em inglês, sobre onde foram parar os ossos do pedreiro Amarildo de Souza, que teria sido morto pela PM em julho, na Favela da Rocinha (zona sul). O corpo jamais apareceu.
A desocupação do velho museu teve momentos de tensão, quando um indígena resistiu e foi agarrado pelos PMs. O homem recebeu um jato de spray de pimenta no rosto antes de ser levado para o ônibus.
Por causa da confusão, a Avenida Radial Oeste, importante via de ligação entre os subúrbios e o centro, foi interditada das 7h às 10h, o que provocou um grande congestionamento.
O museu
Os índios e os ativistas reivindicam que o prédio e o terreno vizinho que pertenceu ao Ministério da Agricultura sejam cedidos a eles para a instalação do que chamam de "universidade popular indígena".
Em nota, o governo estadual informa que "o antigo Museu do Índio não será derrubado", mas "transformado em um Centro de Referência das Culturas Indígenas". Os quatro prédios que o Estado comprou ao Ministério da Agricultura serão, de acordo com a nota, usados na construção das "estruturas temporárias do Estádio do Maracanã para a Copa do Mundo".
Dedicado à causa indígena desde 1865, apesar de mais de 20 anos abandonado pelo governo, o prédio do antigo Museu do Índio seria transformado em um memorial olímpico - como anunciou o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) em fevereiro.
Meses depois, no entanto, Cabral voltou atrás e desistiu da ideia. Na ocasião, pediu que fizessem um estudo para que no museu fossem realizadas atividades indígenas.
O governador afirma que só serão demolidos os quatro prédios do antigo Ministério da Agricultura para a construção do Museu do Futebol - que deve ficar pronto apenas para as Olimpíadas de 2016.