O Consórcio Rio 2014, responsável pelas obras de reforma e ampliação do Maracanã, recebeu indevidamente do governo do Rio de Janeiro cerca de R$ 8,7 milhões, segundo reportagem publicada ontem pelo jornal O Globo, citando como fonte uma inspeção do Tribunal de Contas daquele estado. O valor teria sido pago por projetos executivos com erros, que não foram aprovados e que, em alguns casos, nem saíram do papel. Uma das empresas do consórcio é a Delta Engenharia, cujo proprietário, Fernando Cavendish, mantém relação de amizade com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
Segundo O Globo, há outras irregularidades, como o pagamento de R$ 226 mil acima do valor previsto em edital para o transporte de cadeiras do Maracanã. O relatório do tribunal foi feito após visita técnica feita há três meses e diz que o poder público poderia ter economizado R$ 27,5 milhões na obra. Para isso, bastaria aplicar isenções de PIS e Cofins, previstas na Lei Federal nº 12.350, de dezembro passado. O projeto do Maracanã deve custar R$ 931 milhões.
Favorecimento
Também fazem parte do consórcio as empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez. Mas a amizade entre o empresário Fernando Cavendish e o governador Sérgio Cabral trouxe à tona a série de contratos que a Delta tem com o governo estadual. O peemedebista viajou na sexta-feira passada à Bahia, para comemorar o aniversário de Cavendish. Mas a relação entre os dois só se tornou pública porque o empresário era um dos tripulantes do helicóptero que caiu nesse mesmo dia no sul da Bahia, causando a morte de sete pessoas entre elas a mulher de Cavendish e a namorada do filho de Cabral. O governador do Rio viajou um pouco antes, em uma aeronave emprestada pelo empresário Eike Batista.
A Delta acumula cerca de R$ 1 bilhão em contratos firmados durante o primeiro mandato de Cabral (2007-2010). Neste ano, dos R$ 241,8 milhões empenhados do caixa estadual para a empresa, R$ 58,7 milhões são referentes a obras realizadas com dispensa de licitação. Com a divulgação dessas informações, os deputados estaduais da oposição pretendem fazer uma devassa nos contratos com as empreiteiras firmados pelo peemedebista. Cabral, por causa do acidente com o helicóptero, está licenciado do cargo até domingo.
Resposta
A Secretaria de Obras informou ao jornal O Globo que já foram entregues mais de duas mil plantas da obra, e que todas estariam de acordo com o projeto de reforma. O órgão informou ainda que vai requerer os benefícios de isenção de impostos para as obras da Copa.
A Delta, por meio de sua assessoria, afirmou ao jornal O Globo que os contratos emergenciais são em número reduzido e que quase todas são relativas às enchentes na Região Serrana. A empresa sustenta que "sua atuação não é pautada pelo relacionamento pessoal do empresário Fernando Cavendish com o governador Sérgio Cabral".
Outros casos
Os tribunais de contas de Minas Gerais e da Bahia também apontaram irregularidades nas obras dos estádios Mineirão (Belo Horizonte) e Fonte Nova (Salvador). Na obra da capital mineira foram detectados problemas como ausência de licitação, pagamentos por serviços não executados, desvio de objeto e "jogo de preços" manipulação da licitação que permite aditivos. Entretanto, a obra continua. Mas em Salvador, segundo informações do portal UOL, a reforma do Fonte Nova pode ser paralisada nos próximos dias, por causa de falta de dinheiro. Isso porque o tribunal de contas baiano ainda não avalizou um empréstimo ao BNDES feito pelas empresas responsáveis pela obra.
Lula vai trabalhar crise dos deportados internamente sem afrontar Trump
Delação de Mauro Cid coloca Michelle e Eduardo Bolsonaro na mira de Alexandre de Moraes
Crise do Pix, alta de alimentos e Pé-de-Meia mostram que desconfiança supera marketing de Lula
Tiro no “Pé-de-Meia”: programa pode levar ao impeachment de Lula; ouça o podcast