O técnico Mano Menezes orienta o time durante o amistoso de ontem contra a Dinamarca| Foto: Johannes Eisle/ AFP

O histórico brasileiro em Copas do Mundo traz um alerta para a seleção em seu segundo Mundial como anfitriã, daqui a dois anos. Das cinco estrelas bordadas no peito da amarelinha, só uma (1962) foi conquistada sem a participação nas Eliminatórias Sul-Americanas – realidade que o técnico Mano Menezes precisa enfrentar na campanha atual, feita à base de amistosos. E, segundo profissionais com décadas de experiência na CBF, a estatística vai além do mero acaso. É, sim, mais difícil levantar a taça sem o embalo dos jogos classificatórios.

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Nas edições mais recentes do torneio, apenas a França, país-sede em 1998, levou o título. Antes disso, além do Brasil de 1962, somente Argentina (1978), Alemanha (1974), Inglaterra (1966) e Itália (1938 e 1934) sagraram-se campeãs sem passar pela fase de classificação.

A estatística tem relação com a falta de competição real antes da Copa. O preparador físico Paulo Paixão, tetra e pentacampeão mundial com a seleção, compara o caso com um fio esticado, que, tenso, reage mais rápido aos estímulos externos. Isso se reproduz em campo.

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"Por maior e melhor que seja o adversário, você não atinge [nos amistosos] um estágio de adrenalina e de competitividade que chegue perto de um torneio que te leva a um objetivo, a uma classificação", aponta Paixão.

O técnico Carlos Alberto Parreira, comandante brasileiro no título de 1994 e na campanha de 2006 – eliminado nas quartas de final pela França –, concorda que participar das Eliminatórias traz mais pontos positivos do que negativos. Para ele, além de os jogadores vivenciarem um clima antecipado de Mundial, o cenário é ideal para amadurecer o grupo.

"Uma das dificuldades do trabalho do Mano é justamente não ter Eliminatórias. Ele vai tentar ir com um time jovem e precisaria dessa experiência para ganhar aquele ‘batismo’", afirma Parreira. "Esse time precisa de rodagem", completa.

A importância psicológica da fase de classificação também é lembrada pela comissão técnica atual. O preparador físico Carlinhos Neves ressalta que essa situação não é uma opção, mas uma realidade a ser superada. E para isso um planejamento bem feito será fundamental. "A ideia é enfrentar seleções qualificadas, mais ou menos o que a gente vai fazer nesses próximos amistosos. Eles não têm a mesma tensão de jogos classificatórios, mas temos a responsabilidade de fazer sempre o time evoluir", comenta.

O condicionamento físico não é visto como empecilho por causa da falta de competição. Devido ao pouco tempo de concentração do time, a maior parte do trabalho se resume a acompanhar e dar continuidade ao que é feito nos clubes.

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Antes e depois da Copa das Confederações, único torneio que o time principal de Mano Menezes terá pela frente antes da Copa, o desafio será minimizar os efeitos colaterais da inércia competitiva e formar uma seleção capaz de suportar a responsabilidade de vencer em casa.

"Mesmo eles [comissão técnica] tendo essa capacidade de motivação, vejo mais dificuldade. É muito mais difícil trabalhar a cabeça do jogador nos amistosos do que em competição", fecha Paixão.