Brasília - A presidente Dilma Rousseff determinou que os demais ministros deem apoio ao ministro do Esporte, Orlando Silva, para que ele enfrente as denúncias de desvios na pasta, mas espera que o auxiliar seja "convincente" nas explicações públicas.
"Objetivamente, tem de ficar provado que ele não deve nada", disse o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, depois de conversar nesta segunda-feira (17) com Dilma. Segundo ele, a presidente está "preocupada", mas orientou os demais auxiliares a "dar força para o Orlando se defender", relatou o ministro.
A presidente está fora do Brasil, em visita à África. Desde sábado, Silva tem se esforçado para rebater as denúncias publicadas pela revista Veja sobre a existência de um suposto esquema de desvio de recursos públicos do programa Segundo Tempo, gerido pela pasta do Esporte.
A denúncia se baseia nas declarações do policial militar João Dias Ferreira, um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar de desvios de recursos destinado ao programa.
Segundo a revista, que identifica Dias como militante do PCdoB, mesmo partido de Orlando Silva, as organizações não-governamentais que recebiam recursos destinados a convênios feitos por meio do programa só acessavam os recursos após o pagamento de até 20 por cento dos valores dos convênios a pessoas ligadas ao partido.
O policial militar teria dito à revista que o próprio ministro do Esporte recebeu pessoalmente recursos desviados na garagem do ministério. No domingo, Silva se reuniu com Carvalho e com a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e voltou a se defender. Ele afirmou não temer a apresentação de provas que o envolvam no suposto esquema.
"Ele disse que não há hipótese de ter provas contra ele e que o policial está fazendo essas acusações por chantagem, porque o ministério está cobrando dele desde o ano passado a restituição do dinheiro desviado", contou Carvalho.
O ministro disse ainda que Silva se mostrou disposto a rebater as acusações feitas até agora e recebeu apoio do governo para fazer isso. "Ele já prestou as primeiras explicações. Pediu à Polícia Federal que investigue. Isso nos tranquiliza... Até agora, tem muita adjetivação e falta de provas", explicou. Ainda no sábado, Orlando Silva emitiu nota e disse tem certeza de que "ficará claro" que as denúncias "são calúnias".
Na nota, o ministro informa que uma entidade dirigida por João Dias não cumpriu os objetivos de um convênio firmado com a pasta. O caso, segundo a nota, foi então enviado para o Tribunal de Contas da União (TCU) e o ministério reivindica a devolução de 3,16 milhões de reais, que teriam sido desviados pelo acusador do ministro.
"A avaliação do ministro do Esporte é de que foi esse o motivo para João Dias fazer agora acusações de desvios de verbas do Segundo Tempo por um suposto esquema de corrupção no ministério", afirma a nota. Orlando Silva dará uma nova entrevista coletiva ainda nesta segunda (17) e na terça-feira pretende ir ao Congresso para prestar explicações. O depoimento atende uma reivindicação dos partidos de oposição, que nesta segunda anunciaram que também pretendem fazer representações contra o ministro na Procuradoria-Geral da República (PGR).
O ministro também pediu nesta segunda que a PGR apure as denúncias veiculadas pela revista.
Quatro ministros do governo Dilma já deixaram seus cargos em meio a denúncias de irregularidades - Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura) e Pedro Novais (Turismo).
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