O diretor de marketing da Fifa, Thierry Weil, negou neste sábado (5) a participação de um funcionário ou dirigente da entidade no esquema de desvio de ingressos da Copa do Mundo para cambistas e criticou a atuação da polícia no caso.
Segundo o cartola, as autoridades brasileiras erraram ao divulgar o envolvimento de um membro da federação na quadrilha e a passar para imprensa informações diferentes das que foram compartilhadas com a própria Fifa.
"Se eles tivessem de verdade um nome de um oficial da Fifa, teriam ligado, investigado, e pedido para falar com a pessoa. Não houve nenhuma pessoa que foi abordada pela polícia de qualquer forma", disse Weil, durante entrevista coletiva.
O dirigente afirmou que foi informado pela polícia que o contato do franco-argelino Mohamadou Lamine Fofana, preso desde terça (1.º) e acusado de chefiar a quadrilha, com a entidade era um homem chamado Roger.
"Descobrimos que essa é exatamente a pessoa que prenderam uma semana atrás. Nós denunciamos e eles prenderam. Então, não tenho certeza. Eles dizem que não sabem. Tem esse Roger, que talvez seja um oficial. Então checamos e descobrimos que é uma das pessoas que foram presas por eles dias atrás", adicionou Weil.
O inglês Roger Leigh foi preso no dia 22 de junho, no Rio, acusado de revender ingressos da Copa. Não há registros de que ele seja funcionário ou tenha alguma ligação legal com a Fifa.
Durante a semana, o promotor do caso, Marcos Kac, disse abertamente que havia um integrante da entidade envolvido no esquema. "É um graúdo. Quando se revelar vai abalar a estrutura da Fifa", afirmou.
Outra discrepância entre as informações passadas à imprensa pelas autoridades brasileiras e as que chegaram à Fifa está ligada à origem dos bilhetes apreendidos na operação "Jules Rimet".
"Foram 141 ingressos, dos quais 131 para a Copa de 2014, seis para a Copa de 2010, não sei o que queriam com isso, e quatro da Copa das Confederações", afirmou Weil.
O dirigente detalhou ainda de onde saíram os ingressos do Mundial que estavam nas mãos dos cambistas.
Sessenta foram comprados por torcedores comuns, provavelmente via site oficial da entidade. Os outros 71, inclusive um que pertencia à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) eram bilhetes de pacotes de hospitalidade, negociados pela Match, que os revendem para agências nacionais.
A Match pertence aos irmãos mexicanos Jayme e Enrique Byrom e tem como acionista minoritário (5% das ações) a empresa Infront Sports & Media, cujo presidente é Philippe Blatter, sobrinho do presidente da Fifa.
Anteriormente, a polícia havia informado que entre os ingressos apreendidos havia bilhetes que eram das cotas disponibilizadas pela Fifa para a CBF e as federações da Argentina e da Espanha.
"Eles disseram que tinham aqueles ingressos. Se um policial fala sobre uma investigação que ainda ocorre, não sei se é a forma correta. Sei que na Europa isso não é feito. Olhamos todos os ingressos e só tinha um da CBF", completou Weil.
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