| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Em um megabalanço sobre a Copa do Mundo, a presidente Dilma Rousseff e uma equipe de mais de 15 ministros defenderam nesta segunda-feira (14) a organização do evento, mas também usaram o evento para atacar a imprensa.

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Trata-se de uma estratégia delineada pela cúpula da campanha petista e do governo Dilma, que pretendem explorar o "legado" da "Copa das Copas". O termo, cunhado pelo marketing da campanha petista no início do ano, tem sido usado em manifestações de Dilma, inclusive na carta enviada no domingo (13) aos jogadores e à comissão técnica da seleção.

Nesta segunda, Dilma disse que o país demonstrou "capacidade de organização" e "derrotou essa previsão pessimista". "Os vaticínios, os prognósticos que se faziam sobre a Copa eram dos mais terríveis possíveis. Começava com o 'não vai ter Copa' até 'nós teremos a Copa do caos'. O estádio do Maracanã, que ontem foi palco de um evento belíssimo, ia ficar pronto só em 2038, ou 2024. Enfim, não ficaria pronto nunca", disse ela.

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"Nós não teríamos aeroportos, (...) nós não teríamos a capacidade de receber milhões e milhões de turistas, milhões e milhões de pessoas que vinham de outras partes do Brasil e do Mundo aqui desfrutar a Copa. Nós derrotamos sem dúvida essa previsão pessimista e realizamos com a imensa e maravilhosa contribuição do povo brasileiro essa Copa das Copas", continuou.

Na mega-entrevista convocada pelo Palácio do Planalto, ainda em curso no Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, em Brasília, coube ao ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) fazer as críticas mais contundentes. Ele apontou, sem citar o nome dos veículos, publicações de 12 de junho passado, data de abertura da Copa, inclusive da Folha de S.Paulo.

"A revista de maior tiragem do Brasil fez uma manchete: '2038: por critérios matemáticos os estádios da Copa não ficarão prontos a tempo'. Tinha uma foto do Maracanã, que vocês viram na final da Copa, a beleza não só daquela arena, mas também de todas as outras arenas que foram apresentadas. O jornal de maior tiragem do país, no dia de abertura da Copa, tinha a seguinte manchete: 'Copa começa hoje com seleção em alta e organização em xeque'", disse Mercadante.

"Talvez a gente fazendo uma reflexão, a imprensa tem um papel fundamental de cobrança, de apontar problemas, de provocar respostas. Mas, se a gente fizer uma análise sóbria hoje, talvez nós perdemos duramente a taça, mas o Brasil ganhou a Copa, que foi um grande evento que o mundo inteiro admirou", completou.

Já ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) coube o papel de atacar adversários, que, segundo ele, defenderam "devolver a Copa" por conta de um "grande ceticismo" em relação às ações do governo na área da segurança. "Houve quem no Parlamento brasileiro sugerisse devolver a Copa por falta de segurança e falta de competência dos órgãos de segurança. Houve quem disse que os policiais vestiriam a camisa do país e não colocariam os interesses corporativistas de lado, que nós estávamos fazendo uma patriotada", disse o ministro.

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Sem citar nomes, Cardozo disse também que "há ainda hoje quem acredite que o governo federal deve passar recursos para os Estados fazerem a policia de segurança pública". Afirmou que, com a construção de centros de controle e compra de equipamentos para a Copa, há um "rompimento da cultura de isolacionismo" e uma "mudança de mentalidade" no país.

Apesar de dizer que a Copa e a eleição não têm conexão política, o governo vai buscar dividendos eleitorais. A estratégia é capitalizar, nesta semana e na campanha eleitoral, o que o governo classifica como sucesso de logística fora dos campos. A avaliação do governo é que Dilma sai bem.

Havia o temor de incidentes graves de logística que poderiam tirar pontos na corrida eleitoral. Aconteceu o contrário. Aprovação do torneio e recuperação da petista nas pesquisas de intenção de votos. Isso garante um bom ponto de largada da presidente para o que classificam como início, de fato, da campanha: o pós-Copa do Mundo.