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Palácio do Planalto iluminado em verde e amarelo: Aécio Neves e Eduardo Campos evitaram ter suas imagens atreladas ao Mundial | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Palácio do Planalto iluminado em verde e amarelo: Aécio Neves e Eduardo Campos evitaram ter suas imagens atreladas ao Mundial| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Metodologia

O levantamento do Datafolha foi feito entre os dias 1º e 2 de julho, com 2.857 eleitores em 177 municípios do país. A pesquisa foi registrada no TSE sob o protocolo BR-00194/2014 e tem margem de erro máxima de 2 pontos porcentuais e nível de confiança de 95%.

Pátria de chuteiras

Confira o histórico da relação entre Copas do Mundo e eleições no Brasil:

• 1950 – A primeira Copa realizada no Brasil foi marcada pelas polêmicas em torno da construção do Maracanã e, principalmente, pela derrota da seleção para o Uruguai na final. Meses depois do evento, o candidato do presidente Eurico Gaspar Dutra, Cristiano Machado, terminou em terceiro lugar na eleição vencida por Getúlio Vargas. No Paraná, que teve Curitiba como uma das seis subsedes, Bento Munhoz da Rocha Neto bateu Ângelo Lopes, candidato do então governador Moisés Lupion.

• 1958 – O Brasil conquistou a primeira Copa, mas o presidente Juscelino Kubitscheck não emplacou o candidato da situação, o Marechal Lott, em 1960. Amparado por um discurso populista e contra a corrupção, quem venceu foi Jânio Quadros.

• 1962 – Bicampeonato brasileiro. João Goulart, que havia assumido no lugar de Jânio, em 1961, não conseguiu se manter no cargo nos anos seguintes e é derrubado pelos militares em 1964.

• 1970 – A seleção chegou ao tri em uma Copa marcada pelo discurso nacionalista dos militares. Nas eleições parlamentares, o MDB conseguiu fazer apenas 87 cadeiras na Câmara dos Deputados. A Arena, partido de sustentação do regime, fez 223.

• 1974 – Os militares tentaram emplacar uma nova campanha patriótica na Copa da Alemanha, mas a seleção caiu na semifinal, contra a Holanda, e ainda perdeu a disputa de terceiro lugar para a socialista Polônia. Nas eleições do mesmo ano para a Câmara, o MDB quase dobrou o número de cadeiras – chegou a 161, contra 203 da Arena.

• 1982 – O time de Sócrates, líder da Democracia Corintiana, é eliminado nas quartas pela Itália. Nas eleições estaduais diretas, o PMDB elege sete governadores contra 11 do PDS, herdeiro da Arena.

• 1994 – No ano do tetra, o candidato governista, Fernando Henrique Cardoso, ganhou a eleição.

• 1998 – Derrota para a França na final não impediu a reeleição de FHC no primeiro turno.

• 2002 – O Brasil foi penta no Japão. José Serra, candidato da situação, perdeu para o oposicionista Lula.

• 2006 – Em meio ao auge do escândalo do mensalão, Brasil caiu nas quartas de final, contra a França. Lula foi reeleito.

• 2010 – A seleção de Dunga acabou eliminada pela Holanda, nas quartas de final. Dilma Rousseff foi a primeira mulher eleita presidente.

O massacre alemão que fechou as portas do hexa abriu as das eleições no Brasil. Após uma onda de euforia com a competição, que elevou a popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT), o vexame da seleção tende a desencadear uma nova reviravolta no humor dos eleitores. Em clima de ressaca, os problemas do país retornam à pauta.

"Não é que o resultado dentro de campo ajude este ou aquele candidato. O que acontece é que o noticiário nacional, que até terça-feira era 85% focado na Copa, agora volta se concentrar no cotidiano real das pessoas. E as notícias, principalmente na economia, há tempos não são boas", avalia o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.

Sondagem do Datafolha divulgada no dia 3 de julho mostrou que Dilma havia subido de 34% para 38% das intenções de voto para presidente, em relação ao começo do mês anterior. Aécio Neves (PSDB) havia crescido de 19% para 20% e Eduardo Campos (PSB), de 7% para 9%. O estudo foi influenciado pela boa percepção dos brasileiros em relação à organização do Mundial, mas em um perío­do em que a seleção, mesmo com dificuldades, se manteve vencendo.

Dilma começou a Copa na retranca. Foi à partida inaugural do torneio para "cumprir tabela" e não discursou. Acabou ofendida por parte da torcida que foi à Arena Corinthians, o que a afastou de outras partidas e colocou em dúvida a presença na final do próximo domingo.

Na véspera da semifinal contra a Alema­­nha, armou o contra-ataque. Publicou no Facebook uma foto fazendo um "T" com os braços, em alusão ao "É Tóis" de Neymar. Até o fim da partida, foram mais dez mensagens com referências positivas à Copa e a confirmação de que estaria na decisão para fazer a entrega da taça para o campeão.

Depois da partida, mais duas sobre o resultado do jogo. "Perdemos a taça, mas a #copadascopas é nossa", dizia a primeira. Ontem, publicou um compilado de notícias internacionais com elogios à organização do evento.

No primeiro escalão federal há nove anos consecutivos, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, diz que o sucesso da Copa é "inegável", mas que setores da oposição parecem ter comemorado a derrota brasileira. "Podem até tentar vincular o resultado, mas vão dizer o quê? Que a Dilma não estava em campo para tirar a bola da Alemanha?", disse.

Ao longo do torneio, com a seleção em alta ou em baixa, Aécio e Campos permaneceram "descolados" da Copa. Mineiro, o senador do PSDB chegou a comparecer à semifinal, mas foi apenas como torcedor, sem estafe ou seguranças, e nem divulgou previamente a presença no estádio. Campos não esteve em nenhuma partida.

"Não creio que a presidente deva ser condenada nas urnas pela goleada sofrida pelo Brasil, mas acredito que ela tentou sim ser sócia de uma eventual vitória. Foi iludida com o ufanismo de alguns cronistas esportivos amestrados e se deu mal", avaliou o senador paranaense Alvaro Dias (PSDB).

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