Geraldo Sena, o Seninha, maître do Marina Park Hotel, em Fortaleza: é ele quem ajuda a animar os jogadores da seleção brasileira| Foto: Albari Rosa

Cardápio

Boleiros adoram macarrão e sobremesa, mas dispensam os verdes

Macarrão com caldo de feijão ou molho à bolonhesa. A resposta vem fácil para o chef de cozinha José Antônio Farias, conhecido apenas como Baixinho no Marina Park Hotel. Não há segredo no prato mais apreciado pelos jogadores da seleção brasileira, que até comem, mas normalmente dispensam as saladas e vegetais.

"Vamos dizer assim: não é o preferido deles", diz o cozinheiro, que terá a companhia de Jaime Maciel, chef exclusivo do time nacional, entre hoje e sexta-feira, quando o Brasil enfrenta a Colômbia pelas quartas de final da Copa, no Castelão, em Fortaleza. "O Felipão e os membros da comissão técnica preferem os verdes", revela Farias.

As massas e outros pratos ricos em carboidratos, como o tradicional feijão e arroz, estão em maioria no cardápio da equipe. Ao todo, os atletas têm quatro refeições diárias: café da manhã, almoço, jantar e lanche, normalmente um sanduíche.

Os atletas também gostam de peixes e carnes grelhadas. Para beber, nada de refrigerante. Água ou sucos naturais, especialmente de laranja. Tudo muito magro, a não ser a sobremesa.

"A torta gelada de sonho de valsa saiu muito na primeira passagem deles por aqui", lembra Pauliene Parente, gerente de alimentos e bebidas do hotel. Ela carrega na prancheta todo o cronograma de refeições da seleção. No dia do duelo contra os colombianos, o almoço será pontualmente ao meio-dia.

"Eles precisam comer bem para terem energia para gastar, mas também precisam de tempo suficiente para fazer a digestão", explica.

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José Antônio Farias, o Baixinho, cuida do cardápio da
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Hoje à noite, pela segunda vez na Copa, a seleção bra­­sileira desembarca em For­­taleza. Mas, se preferir, pode dizer que chega à sua casa de praia no Nordeste.

O hotel onde a delegação permanece até o jogo com a Colômbia, na sexta-feira, às 17 horas, está repleto de boas lembranças – e de velhos conhecidos – para Felipão e seus comandados. Da refeição preparada com esmero à cama feita com carinho, passando por aquele abraço acolhedor, o Brasil tem um ambiente tranquilo para, em campo, se colocar a um passo da final no Maracanã. "Aqui a casa é deles", sintetiza Cláudia Brandão, responsável pela governança do cinco estrelas Marina Park Hotel.

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Em 2002, no último amistoso nacional antes da campanha do penta, a Família Scolari se hospedou por lá. O mesmo aconteceu no ano passado, antes do jogo contra o México, pela Copa das Confederações. A última visita foi há 16 dias, na primeira fase do Mundial, para outro duelo com os mexicanos. Retrospecto invicto que não pode falhar agora.

Os 23 jogadores e a comissão técnica ficam em um setor exclusivo, sem contato com os demais hóspedes e curiosos. Eles têm um salão fechado para refeições e ocupam 80 dos 315 quartos do hotel. As seis camareiras que fazem a limpeza estão proibidas pela Fifa até de tirarem fotos com os atletas – elas ficam dedicadas ao time quase 24 horas por dia.

"Quando acordam para o café da manhã já estamos aqui. Quando vão dormir ainda estamos trabalhando", conta Cláudia, uma das velhas conhecidas de Luiz Felipe Scolari.

O técnico frequenta o local desde a época em que treinava o Grêmio, na década de 1990. E não dispensa a bela vista para o mar esverdeado da Praia de Iracema. "Ele chama muita gente que trabalha aqui pelo nome. São todos muito simples, uma verdadeira família", enaltece a governanta executiva.

O maître Geraldo Sena, o Seninha, é menos comedido. Considerado o xodó da seleção, ele faz a alegria do grupo e comanda as brincadeiras. "O pessoal chega fazendo bagunça mesmo. Da última vez o Hulk me pegou no colo, mas o Felipão é sempre o primeiro a me cumprimentar", diz Seninha, que fez uma eleição própria para o mais bonito da seleção. Segundo ele, Maxwell desbancou o capitão Thiago Silva no quesito. "Mas a carne nova do pedaço é o Fernandinho", brinca.

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Sobre os bastidores do elenco, no entanto, ele se recusa a falar alegando sigilo profissional. Muito menos destacar o mais querido entre os 23. "Não posso dizer, os outros vão ficar com ciúme", gargalha o maître, funcionário do Marina Park desde a inauguração, em 1993.

Neymar também é um velho conhecido de Seninha, que ganhou uma camisa na época em que o atacante defendia o Santos. Se cumprir a promessa, Scolari entrega hoje ao cearense uma camisa autografada por toda a delegação. Ele reconhece sua modesta contribuição como válvula de escape, mas ao mesmo tempo confessa. "Não entendo nada de futebol".

Não é o caso do chef José Antônio Farias, o Baixinho. Enquanto prepara almoço e jantar para os jogadores, ele não desgruda o olhar dos possíveis adversários na televisão.

Nesta Copa, ele já cozinhou para alemães, gregos, holandeses, italianos e uruguaios. Nenhum deles tão especial quanto a seleção. "Fico preocupado em fazer tudo bem feito para não ter confusão e os jogadores renderem bem", conta Baixinho, orgulhoso por servir seus ídolos. "É preciso ser profissional, mas daqui a uns anos vai ser muito emocionante poder dizer que trabalhei para a seleção", resume Cláudia. Talvez a do hexa.