Governo estadual admite atraso na Baixada

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O governador do estado do Paraná, Beto Richa, admitiu ontem, pela primeira vez, que as obras para a reforma da Arena para a Copa do Mundo de 2014 estão atrasadas. A afirmação foi feita de maneira discreta pelo político, que no meio do discurso fez questão de amenizar a preocupação com o fato. "Talvez as obras previstas, que são muito menores do que as de outros estádios, tenham algum tipo de atraso. Mesmo assim, confio que certamente a Arena será um dos primeiros estádios a ser inaugurados", garantiu o governador, aparentemente contrariado.

A declaração foi dada um dia após o Tribunal de Contas da União (TCU) apontar as obras no estádio atleticano como as mais atrasadas do país para o Mundial, em relatório apresentado na Câmara dos Deputados, em Bra­­­sília. Segundo os dados, somente 8,5% da reforma na casa rubro-negra está finalizada.

O alerta forçou as autoridades paranaenses a admitirem a baixa velocidade no trabalho de conclusão da praça esportiva. Mas o discurso otimista adotado desde o início da candidatura da cidade a subsede do torneio da Fifa foi rapidamente retomado. A alegação é que, apesar de estar sendo bastante desmontada, a Baixada exige poucas melhorias em comparação a estruturas de outras localidades.

"O planejamento de obras pode não estar em um ritmo acelerado, mas é importante lembrar que a Arena é o estádio que menos precisa de reformas. Estamos vendo estádios que ainda estão na fundação, começando a erguer a estrutura, e o estádio do Atlético é um dos mais modernos do país e precisa infinitamente menos recursos fi­­nan­­ceiros que os demais", defendeu Beto Richa.

O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, seguiu a mesma linha. Segundo ele, metade do estádio rubro-negro já está de pé. "Tenho certeza de que no mês de março do ano que vem nós veremos o estádio em plenas condições, sem maiores problemas", ratificou.

No cronograma de obras apresentado pela diretoria atleticana, a previsão para a reinauguração da Arena, fechada desde o dia 5 de dezembro do ano passado, é 26 de março de 2013. Na última terça-feira, o clube anunciou que concluiu a fase de retirada de 25 mil cadeiras e da cobertura do estádio. A terraplanagem do terreno ao lado do gramado, onde ficava um colégio, também já foi realizada.

Agora, segundo o site arenacap.com.br, serão construídos muros de arrimo atrás das arquibancadas da Rua Brasílio Itiberê, obras de fundação e demolições de áreas consideradas inadequadas, caso dos seis pilares que sustentavam a cobertura e provocavam pontos cegos. De acordo com a diretoria do clube, as benfeitorias realizadas no estádio foram todas bancadas com recursos próprios. So­­mente após a liberação do financiamento de R$ 138,4 milhões do BNDES, sem data definida para ocorrer, as obras devem ser aceleradas.

Em fevereiro, durante a visita do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a Curitiba, o presidente ru­­bro-negro, Mario Celso Petra­­glia, ga­­rantiu que o empréstimo seria liberado até o fim de março e que com o dinheiro em caixa a reforma deslancharia. "A Arena Copa está muito bem encaminhada. Nós va­­mos aparar algumas arestas e detalhar algumas exigências do banco, principalmente em relação à segurança do empreendimento, de cronograma e valor. Com certeza, no mais tardar no mês de março teremos a formalização dos contratos e a liberação da primeira parcela", afirmou o mandatário atleticano durante a visita do ministro, no dia 13 do mês passado.

Beto Richa faz pouco caso de "calote"

Após cinco dias de silêncio, o Palácio do Iguaçu se pronunciou so­­bre a polêmica em torno das declarações do secretário estadual para Assuntos da Copa 2014, Ma­­rio Celso Cunha. Em um even­­to em comemoração ao Dia Mun­­dial da Água, ontem de manhã, no Mu­­seu Oscar Nie­­mey­­er, o governador do estado, Beto Ri­­cha, afirmou que esse assunto já está superado.

Richa preferiu enterrar o episódio e defendeu Mario Celso Cunha das críticas. Segundo o governador paranaense, a afirmação do vereador licenciado em uma reunião do Conselho Deliberativo do Atlético, em 2010, sugerindo que o clube não pagasse os empréstimos no BNDES para as reformas da Arena da Baixada, não tem importância, pois Cunha não era secretário do Estado na época.

"Isso é um fato superado. Ele disse isso lá trás. Não sei por que fez essa afirmação, mas não me diz respeito porque ele nem era nosso secretário. O importante é que a diretriz do governo é que as leis e as normas sejam respeitadas. O Atlético está dando como garantia real o CT do Caju para o empréstimo no BNDES e também os títulos de potencial construtivo. O empréstimo está garantido", declarou Beto Richa.

Político, o comandante do es­­tado rechaçou que, após a insinuação de um possível calote, Mario Celso Cunha tenha ficado em uma posição desconfortável no cargo. Richa garantiu que o secretário continuará à frente do projeto do Mundial no Paraná. "Se por acaso ele pensou isso lá trás, hoje ele não pensa mais. Agora ele segue as determinações do nosso governo", enfatizou o go­­vernador.