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O governo vai se aliar à iniciativa privada para reforçar o programa de classificação dos hotéis do país. Com vistas à Copa do Mundo, o Ministério do Turismo assinará acordo de cooperação técnica com o Grupo Abril para incorporar a expertise do ‘Guia Quatro Rodas’ na avaliação da rede hoteleira nacional. Isso permitirá que a qualificação oficial seja ampliada de menos de 50 hotéis, atualmente, para 4,8 mil.

Esse é o número de hotéis avaliados na última edição do Guia Quatro Rodas, publicada em outubro. A editora conta, porém, com, pelo menos, 6 mil hospedagens no banco de dados. O ministério vai mandar confeccionar placas para os estabelecimentos avaliados neste ano, chancelando a classificação como oficial. No entanto, em vez das casinhas características da publicação, hotéis, pousadas, resorts, hotéis-fazenda, flats e apart-hotéis receberão de uma a cinco estrelas.

O governo se comprometeu com os organizadores da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos a entregar uma classificação oficial dos meios de hospedagem para os grandes eventos esportivos. A primeira tentativa para atender a essa exigência - o Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem (SB Class) - não foi bem aceita. Depois de mais de um ano de funcionamento, só teve a adesão de 44 hotéis, de um total de 6 mil no País.

O caráter voluntário e burocrático pode explicar a baixa adesão ao SB Class. Para ser classificado pelo governo federal, o estabelecimento tem que estar inscrito no Cadastur, cadastro de hospedagem do Ministério do Turismo. A análise é feita pelos técnicos do Inmetro, que observam o cumprimento de requisitos objetivos, envolvendo infraestrutura, serviços e sustentabilidade.

Visitas anônimas

Já o Guia Quatro Rodas, inspirado no francês Michelin, tem uma equipe de 15 jornalistas para verificar a qualidade dos hotéis. Para classificá-los, a publicação acompanha as mudanças estruturais feitas nos estabelecimentos, além de fazer visitas identificadas e anônimas para medir a qualidade dos serviços.

Antes do SB Class, nunca houve um sistema oficial de qualificação dos meios de hospedagem. Quando um hotel se apresenta como de quatro estrelas, a referência muitas vezes é fruto de uma autoclassificação ou o reconhecimento dado pela Embratur nos anos 1990 e nunca atualizado.

"A classificação é importante porque protege o consumidor e ensina o gestor a como melhorar os serviços que oferece", defende o secretário nacional de Políticas de Turismo, Vinícius Lummertz. Ele diz que o ministério apenas reconheceu o trabalho feito ao longo de quase cinco décadas pelo Guia Quatro Rodas. "É o melhor sistema de classificação que temos no País." Pelo acordo de cooperação técnica, não haverá transferência de recursos públicos para a editora.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), Enrico Torquato Fontes, a iniciativa é positiva pela qualidade "muito apurada" do guia. Num primeiro momento, para a Copa do Mundo, o ministério apenas usará a classificação dada pela publicação, com exceção dos hotéis já classificados no SB Class, que terão as estrelas garantidas. Em seguida, os técnicos do ministério e a equipe do guia trabalharão para unirem os critérios de classificação, encontrando um meio-termo, numa espécie de parceria público-privada.

O redator-chefe do Guia Quatro Rodas, Fábio Peixoto, diz que a qualidade do serviço tem peso muito grande para a publicação, bem diferente da classificação técnica do Inmetro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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