A pedido da Interpol (polícia internacional), a Policia Federal está de olho na "combinação de resultados" durante a Copa do Mundo.
Policiais, em especial os que acompanham os times em ônibus e hotéis, estão instruídos a observar qualquer aproximação suspeita a jogadores, treinadores e dirigentes, além de árbitros.
A maior dificuldade, contudo, é a ausência de leis que tipificam como crime a combinação de resultados e também de equipes especializadas em combater a ação de grupos que ganham dinheiro comprando o placar de jogos.
Como não há o delito no Brasil, a polícia estuda enquadrar possíveis suspeitos em fraude ou estelionato, a depender do caso.
Palestra da Interpol apresentada esta semana a policiais, à qual a reportagem teve acesso, aponta zagueiros e goleiros (e às vezes atacantes) como alvos preferenciais dos grupos especializados em corromper jogadores, além do suborno de árbitros.
Casos recentes mostram que quadrilhas optam por cooptar os mais jovens, com baixo nível cultural e salários reduzidos. A Interpol alerta, contudo, que os resultados podem ser alterados com a ação de outros personagens, como dirigentes, treinadores e até funcionários dos estádios.
ABORDAGEMInvestigações apontam que, na maioria das vezes, a aproximação se dá inicialmente com oferta de presentes, favores ou pedidos aparentemente inofensivos. Em seguida, oferecem grandes somas de dinheiro ou ameaçam os alvos, com chantagem ou atos violentos.
O fenômeno tem crescido principalmente porque a internet fez o mercado de apostas ficar mais fácil e acessível. A análise da polícia é de que os riscos são mais baixos e lucros tão altos quanto, por exemplo, o do tráfico de drogas. Além disso, as apostas esportivas têm sido usadas também para lavar de dinheiro de outros crimes.
Para a Interpol, basta uma pessoa para causar um enorme dano que pode superar o resultado do jogo. Como exemplo, citam o caso de um ex-goleiro de um time italiano que disputava a terceira divisão e foi acusado de sedar colegas durante um jogo em novembro de 2010. Jogadores foram hospitalizados e um deles se machucou gravemente ao bater o carro a caminho de casa.
O fenômeno, contudo, não é exclusivo do futebol. Outras oito modalidades são apontadas pela Interpol como alvos recentes da corrupção esportiva, entre eles vôlei, tênis, ciclismo e até sumô.
A Interpol conta com uma força-tarefa para monitorar casos suspeitos. A Fifa também escalou profissionais que devem ser acionados caso haja qualquer indício de combinação de resultados.
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