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 | Albari Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo
| Foto: Albari Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo

A Argentina ganhou um Maracanaço para chamar de seu. A Copa que a Albiceleste começou como o convidado mais indesejado esteve a ponto de acabar na mais gloriosa página da história do futebol argentino. Um roteiro perfeito demais para se transformar em uma realidade que o gol de Mario Götze, a sete minutos do fim da prorrogação, transformou em lágrimas.

Veja a reação de alguns argentinos na torcida

O Rio foi argentino como jamais havia sido em sua história. Desde quarta-feira, quando os dois pênaltis defendidos por Romero contra a Holanda reconduziram o país a uma final de Copa após 24 anos, torcedores iniciaram uma romaria à Cidade Maravilhosa. Uma invasão de 100 mil pessoas com camas improvisadas no próprio carro, banho nos chuveiros públicos da prefeitura carioca a R$ 3,40, isopores abarrotados de cerveja, camisas da seleção e muitos gritos de guerra provocando o Brasil, exaltando Maradona ou, quando possível, as duas coisas.

"Ôoo, te copamos Rio" (algo como "Te conquistamos, Rio") era um dos hits entoados pela enorme mancha azul e branca que tomou o calçadão e a areia de Copacabana no dia ensolarado. No meio da pista interditada aos domingos para os pedestres, emergiu um sósia de Maradona, com uma réplica de isopor da Taça Fifa, carregado nos ombros por uma multidão que cantava a música preferida dos hermanos. Aquela que começa perguntando aos brasileiros como se sentiam por recebê-los em sua casa e terminava colocando Dieguito acima de Pelé.

Foi Pelé a resposta dos anfitriões. Em grande número no estádio, os brasileiros compunham uma torcida peculiar. Se os alemães empurravam a Alemanha e os argentinos apoiavam a Argentina, os locais apenas torciam contra os argentinos. Abafavam com vaia o "Decime que se siente" e respondiam a plenos pulmões: "Mil gols! Mil gols! Só Pelé! Só Pelé! Maradona cheirador!". Um grito entoado em direção à tribuna de honra, onde estava Pelé, em uma ovação que o Rei de futebol jamais havia recebido em seu próprio país.

A derrota inesperada nas arquibancadas parecia ser o prenúncio do que aconteceria no gramado. O gol de Götze calou os argentinos e enlouqueceu os brasileiros. Na Fan Fest de Copacabana, enquanto os hermanos que estavam na arena jogavam cerveja nos alemães, quem estava do lado de fora do espaço arrancava as telas de proteção para invadi-lo. Houve brigas e o show da banda Monobloco chegou a ser interrompido. A polícia dispersou a confusão com gás de pimenta, mesma estratégia usada na saída do Maracanã.

Dentro do estádio, a maciça maioria da torcida argentina fez questão de esperar o time receber as medalhas de prata e aplaudiu os jogadores em pé. No campo e na arquibancada, era difícil encontrar um argentino sem lágrimas nos olhos – Messi talvez fosse o único. Pareciam começar a perceber que o maior templo do futebol é grande o suficiente para acomodar a dor dos dois maiores rivais dos gramados.

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