O mês começou quente. Logo no dia 2, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, soltou a bomba: o Brasil precisaria levar "um chute no traseiro" por causa dos atrasos na preparação para o Mundial. A indignação por aqui foi imediata. O assessor da presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, foi duro: "Esse cara é um vagabundo", disparou. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, garantiu que não aceitaria mais Valcke como representante da Fifa.
Desculpas
Primeiro Valcke classificou a reação brasileira como "infantil". Logo em seguida, porém, resolveu pedir "desculpas" a quem tenha se ofendido e culpou a tradução de uma expressão corriqueira no seu idioma. "Em francês, se donner un coup de pied aux fesses significa apenas acelerar o ritmo, e, infelizmente, foi traduzida para o português usando palavras muito mais fortes", justificou. O presidente da Fifa, Joseph Blatter (foto, saboreando um churrasco na casa do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia), também pediu desculpas. No dia 9 a entidade anunciou o adiamento da visita que o secretário-geral faria ao Brasil para acompanhar os preparativos em Recife, Brasília e Cuiabá. No dia 19, Blatter confirmou que Valcke permanecerá na organização do evento.
Fim de uma era
No dia 12 Ricardo Teixeira anunciou seu desligamento da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), após 23 anos, e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa. Denúncias frequentes de corrupção, falta de trânsito com a presidente Dilma Rousseff e problemas de saúde motivo alegado por ele foram os principais fatores que levaram à renúncia. O vice-presidente mais velho da CBF, José Maria Marín, assumiu os cargos.
Lei enrolada
Em janeiro a Fifa exigia do governo brasileiro a aprovação da Lei Geral da Copa até março e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, bancou o prazo. Porém, após intermináveis debates no Congresso Nacional, especialmente sobre a liberação da venda de bebidas alcoólicas, o mês passou em branco. Na terça e na quarta-feira desta semana houve a expectativa de que o texto seria enfim votado. Mas uma crise na base aliada e a insatisfação com a demora para votação do novo Código Florestal levaram a novo adiamento. Em princípio, para a semana que vem. Em seguida, para depois da Páscoa.
Bebidas
O ponto mais polêmico da Lei Geral da Copa é o que trata sobre a liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios, que sofre muita resistência por parte da bancada evangélica no Congresso. Uma manobra tentada foi jogar a responsabilidade de decidir sobre o assunto para os estados onde não deveria haver muito conflito, pois os governadores assinaram um compromisso atendendo as exigências da Fifa. Não demorou muito, porém, para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, voltar a situar o assunto na esfera federal.
Proposta polêmica
No dia 18 a Gazeta do Povo publicou um vídeo de 2010 no qual o atual secretário estadual para Assuntos da Copa, Mario Celso Cunha (foto) que ainda não ocupava o cargo , sugeria que o Atlético tomasse o empréstimo do BNDES para a reforma da Arena pensando em não pagá-lo. "Eu tenho quase certeza. Se os clubes forem assumir esses financiamentos [para obras em estádios] não vão pagar coisa nenhuma [...] É claro que estou falando sobre suposição, mas eu acredito muito que vão perdoar essas dívidas", disse o político na ocasião. O caso gerou comoção na opinião pública, mas foi minimizado no círculo político. Inclusive pelo governador Beto Richa, que considerou um "fato superado". O Atlético também saiu em defesa de Cunha.
Mais dinheiro público
O Atlético divulgou no dia 16 o esquema financeiro para viabilizar as obras na Arena. Chamou a atenção o aparecimento de mais R$ 30,8 milhões a serem investidos pelo poder público, além dos R$ 92,2 milhões que viriam na forma de títulos do potencial construtivo cedidos pela prefeitura. Por enquanto não foi dada nenhuma explicação sobre a origem desses recursos.
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