Nas imediações da Arena da Baixada, as dúvidas quanto às possíveis proibições durante os jogos da Copa são tema de conversas e discussões entre os comerciantes. A vendedora Sandra Regina da Silva, que possui uma loja de vestuário esportivo na Rua Getúlio Vargas, afirma que, mesmo sem nenhum anúncio oficial a respeito, o tema já é motivo de dor de cabeça para os lojistas. "Todo mundo aqui ao redor está bastante preocupado. Como podem impedir a gente de trabalhar nos dias de jogos, que é quando mais poderemos vender? Estamos esperando a Copa pra ganhar dinheiro", critica.
Em outro estabelecimento, um restaurante e pub na Rua Brigadeiro Franco, os funcionários dizem desconhecer as exigências da Fifa. Tanto que o local deve passar por reformas e ampliação em breve, já pensando nos clientes que chegarão com a Copa. "Estamos tentando nos estruturar já para a Copa das Confederações. Ninguém nos falou que poderemos ter restrições", afirma um dos responsáveis pelo local, Abel Netto.
Há quem, porém, não aparente qualquer preocupação. É o caso do comerciante Daniel Barbosa Silva, que possui uma banca há dez anos exatamente em frente à Arena da Baixada, onde, além de revistas, vende refrigerantes e sorvetes. Para ele, qualquer proibição é "conversa". "Não vai acontecer nada de espetacular. E o que ocorrer vai ser pra melhor. Se houver restrição, vai ser só nesses dias das partidas. Não vai ter sobressalto nenhum", prevê.
África do SulA imposição da zona de exclusão no entorno dos estádios gerou polêmica e sentimentos de revolta entre comerciantes e moradores na última Copa do Mundo, ano passado, na África do Sul. No Soccer City, que recebeu os jogos de abertura e final da Copa, qualquer tipo de comércio foi proibido dentro de um raio de mais de 1 quilômetro da instalação. Na época, a ONG StreetNet, que trabalha com vendedores de rua na África do Sul, estimou que pelo menos 100 mil pessoas amargaram prejuízo devido às restrições durante a competição.
A discussão se acentuou devido à própria natureza da economia do país: 10% do PIB da África do Sul está baseado na economia informal, representada principalmente nos vendedores de rua. Cartazes e camisas foram espalhados pelas cidades em um movimento de protesto, com a inscrição "Fick Fufa", um trocadilho para um xingamento.
A polêmica ultrapassou os limites geográficos do país e chegou a esferas internacionais. A ex-chefe do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos Mary Robinson criticou a Fifa, defendendo que a entidade deveria ser responsabilizada pelos prejuízos e rever as proibições para os próximos eventos, como na Copa do Mundo de 2014. Mesmo assim, a federação não cedeu.
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