Reginaldo Cordeiro é um personagem diferente no enredo que envolve a Copa do Mundo em Curitiba. O secretário municipal do Mundial está sempre pronto para esclarecer as diversas dúvidas em torno do polêmico tema. Como fez ontem, em uma longa entrevista para a Gazeta do Povo. Na pauta, a controversa engenharia que viabiliza a reforma da Arena da Baixada.
A prefeitura cogita incluir mais R$ 10 milhões (um terço dos R$ 30 milhões de acréscimo no orçamento da Arena, de R$ 235 milhões para R$ 265 milhões, segundo o clube) para bancar o estádio?
Não tivemos nenhuma conversa sobre isso. A única coisa que temos pautado é a necessidade de colocarmos o potencial construtivo no mercado, aqueles R$ 30 milhões que foram repassados no começo do convênio. Não estamos preocupados em sofrer pressão. O contrato é tripartide, mas para R$ 184,6 milhões. Se existiu algum compromisso, é em cima desse valor.
Surpreendeu saber sobre o novo valor das obras pela imprensa?
Não tivemos problema. O Atlético está fazendo o que tem de fazer: apurar o valor atualizado das obras e encaminhar para a entidade financeira, não só para informar como também para ampliar o valor financiado. Em algumas conversas que tivemos no passado, em momento algum se comentou que se teria a inclusão dessa diferença. O Atlético tem opções no mercado, como a venda de camarotes e de publicidade para ir atrás do recurso para a diferença.
Os ajustes anteriores do custo da Arena tiveram uma dinâmica similar do que está acontecendo agora: o Atlético anuncia que o aumento, o poder público afirma que não libera mais verba, mas depois cede. Pode acontecer isso de novo?
Isso foi em outras gestões, né? Nós não tratamos disso, tenho conversado muito com o prefeito Gustavo Fruet e não passa por nós a preocupação desse aporte complementar. Mas não tenho como te responder se não abre brechas para que, no futuro, tenhamos de assumir essa conta. Hoje não temos nem tranquilidade e nem vontade de aumentar esse custo.
Esse novo custo, referente à segurança, limpeza, fiscalização, administração, não poderia estar previsto no primeiro projeto?
Quando houve o primeiro projeto, acredito que era um projeto básico, com a ampliação da Arena custando R$ 135 milhões. Mas a CAP S/A melhorou esse projeto e chegou a R$ 184,6 milhões. E, depois das diversas audiências que tiveram com o pessoal da Fifa, de diversas áreas, deixaram evidente a correção do CUB e chegaram a esse valor de R$ 265 milhões.
Essas constantes renovações no valor do orçamento seriam uma estratégia para forçar uma maior participação de verba pública na reforma?
Não. Não acredito que seja estratégia. Esse último levantamento deve estar refletindo essa realidade, do aumento de custos de projetos, do potencial construtivo e da construção civil. Acho que não teremos mais surpresas. Como se vai ter o orçamento de um estádio pronto se você não tem todos os projetos concluídos e todos os orçamentos?
Como o município e o governo assinam um convênio de dividir as contas de um projeto que nem sabem quanto vai custar no final?
Isso tem perguntar para quem assinou isso, quem assessorou o prefeito da época [Luciano Ducci]. Como técnico e engenheiro, jamais diria para o prefeito assinar sem conhecer os projetos complementares.
Como está a avaliação do orçamento da Arena solicitado pelo TCU para liberar a próxima parcela do financiamento do BNDES?
Nesta semana concluímos esse trabalho, para na semana que vem colocarmos os R$ 30 milhões de potencial construtivo no mercado.
A quem compete divulgar esses dados para garantir a transparência do processo à sociedade?
Quem deveria publicar os dados são a Fomento Paraná e o BNDES, mas nós podemos publicar. O estádio segue com a data de 31/12.
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