Na próxima segunda-feira, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, fará a visita derradeira de inspeção a Curitiba. Quando questionar sobre a viabilidade financeira do projeto da Arena, o executivo ficará sem resposta. A quatro meses do término do prazo imposto pela entidade para a conclusão dos estádios, ninguém sabe quem pagará o acréscimo no orçamento da sede paranaense.
Em julho, Mario Celso Petraglia, presidente do Atlético, revelou o encarecimento do cronograma financeiro, dos R$ 184 milhões acertados no contrato inicial, para R$ 265 milhões. Um excedente de R$ 81 milhões que até o momento o clube, a prefeitura de Curitiba e o governo do Paraná os três participantes da empreitada não assumem arcar.
"O estado não pretende colocar nem mais um centavo na Arena", garantiu o governador Beto Richa, ao ser questionado pela Gazeta do Povo em encontro no Palácio Iguaçu na quarta-feira. A posição da prefeitura é idêntica. "Não temos vontade de elevar o aporte", comentou Reginaldo Cordeiro, secretário municipal da Copa. Ambos admitem empenhar a importância corrigida pela inflação.
Anteriormente, Petraglia assegurou que pagaria qualquer quantia extra nos custos da praça esportiva. Mas, em pronunciamento na Rádio CAP, no dia 26 de julho, alegou que a situação atual exige outra saída. "Disse que o Atlético assumiria desde que as coisas acontecessem nos tempos certos. Mas não podemos assumir o retardo de ações do governo e município. O que vamos buscar é essa pequena diferença", declarou o cartola.
Para o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo no Brasil, o importante é ver a Arena concluída dia 31 de dezembro, seja qual for o acerto entre os financiadores. "Nós apenas monitoramos. Não temos ingerência. A promessa é de que o estádio estará pronto no prazo", comentou Ricardo Trade, CEO do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo no Brasil, após a abertura da 1.ª Oficina do Programa de Treinamento em Sustentabilidade de Estádios promovida pela Fifa, ontem, em Curitiba.
Enquanto isso, a obra prossegue no canteiro da Rua Buenos Aires. Não se sabe até quando. Isso porque o repasse da verba financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), via Agência de Fomento, continua travado pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TC-PR).
Na última terça-feira, o TC-PR recebeu do BNDES o projeto e o cronograma financeiro atualizados pelo Atlético. O órgão tem 45 dias para analisar e, se entender dessa maneira, liberar a continuidade dos repasses. Até então, a CAP S/A, sociedade de propósito específico responsável pela reforma e ampliação da Baixada, recebeu R$ 85,2 milhões (equivalente a 64,9%) dos R$ 131,2 milhões previamente combinados.
A última divulgação do andamento da construção pela CAP/SA foi feita no dia 10 de julho. Na oportunidade, a obra estava 71,43% concluída.
Estádios sustentáveis são tema de treinamento em Curitiba
Curitiba recebeu na manhã de ontem a 1.ª Oficina do Programa de Treinamento em Sustentabilidade de Estádios. Trata-se do início de uma série de eventos de preparação para a Copa do Mundo de 2014 que serão promovidos pela Fifa no país. O encontro ocorreu no Parque Barigui e prossegue hoje com o segundo e último dia de palestras.
O treinamento está sendo oferecido aos operadores das praças esportivas e tem como objetivo repassar informações e ferramentas para a manutenção e gerenciamento autossustentáveis. "A preocupação da Fifa é procurar um balanço entre os fatores econômicos, sociais e ambientais", resume Federico Addiechi, chefe do Departamento de Responsabilidade Social Corporativa da entidade.
O reforço no conceito de sustentabilidade dos estádios brasileiros partiu do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com a exigência de uma certificação no tema para a concessão de empréstimos para as obras do Mundial.
"Foi um ponto importante que virou legado. A Fifa exigirá isso sempre a partir de agora", diz Ricardo Trade, CEO do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo no Brasil.
Com relação ao projeto da Arena, estádio do Atlético escolhido para receber as partidas do evento em Curitiba, há um programa de reaproveitamento da água. Existia também a possibilidade da utilização de energia solar, através de um convênio com a Copel que, no entanto, acabou não sendo firmado.
"O estádio está sendo preparado para receber a energia solar, temos esperança de que isso ainda possa acontecer", afirma Reginaldo Cordeiro, secretário municipal da Copa.