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Apesar dos três aumentos no orçamento, Arena ainda é o estádio mais barato da Copa | Antonio More/ Gazeta do Povo
Apesar dos três aumentos no orçamento, Arena ainda é o estádio mais barato da Copa| Foto: Antonio More/ Gazeta do Povo

Divisão da conta opõe parceiros

O pagamento da diferença de R$ 53,6 milhões entre o orçamento novo e o anterior da Arena da Baixada será motivo de discussão. Na terça-feira, governo do estado e prefeitura de Curitiba afirmaram que não haverá injeção de dinheiro público no estádio, com a participação das duas esferas limitando-se a facilitar a obtenção de empréstimo e garantias pelo Atlético. Posição reafirmada ontem, após questionamento da Gazeta do Povo.

Estado e município se baseiam em declaração do presidente rubro-negro, Ma­­rio Celso Petraglia, durante outra visita de Valcke a Curitiba, em agosto, de que qualquer aumento no orçamento seria coberto pelo clube.

Ontem, no entanto, o dirigente defendeu a manutenção do acordo tripartite, feito em cima do orçamen­­to de R$ 184,6 milhões, que dividia a conta em partes iguais entre Atlético, governo estadual e prefeitura.

"Só faltou uma coisa para que esse estádio estivesse pronto: compromisso do governo do estado e prefeitura. O tripartite não foi cumprido. Eu não vou pagar essa conta sozinho. Claro que cometemos erros, falhas, vamos assumir as partes, cada um em sua proporção", afirmou, à rádio oficial do clube.

Se for aplicado o acordo tripartite em cima do orçamento de R$ 319 milhões, caberia a prefeitura e esta­­do dividir R$ 212,7 milhões, ficando R$ 106,3 milhões para o clube. O poder público, porém, dispõe-se a oferecer apenas a valorização do potencial construtivo, hoje estimado em cerca de R$ 150 milhões.

Petraglia também questionou o aumento de operá­­rios na obra, parte do plano emergencial para manter a Arena. "A contratação de mais 600, 700 homens… Isso é fantasia. Como se paga no fim do mês se não tiver caixa? Com que segurança e credibilidade o empreiteiro vai colocar mais operários? Sem dinheiro não se faz obra", disse o dirigente, confiante na entrega a tempo do estádio.

A reforma da Arena da Bai­­­­xada custará R$ 319 milhões. É em cima deste valor que o comitê formado para gerenciar a obra do estádio irá trabalhar para manter Curitiba na Copa de 2014. O orçamento, 20,2% maior do que o anterior, foi entre­­gue pelo Atlético no fim da tarde de quarta-feira, na Fo­­mento Paraná, e está passando por auditoria. O clube não fez nenhum pedido extra de financiamento.

INFOGRÁFICO: Confira a engenharia financeira da obra

Curitiba tem até 18 de fe­­vereiro para convencer a Fifa a mantê-la como sede. A entidade já trabalha com o fim de abril como data para a entrega da obra, mas o jogo inaugural deve ser apenas no dia 16 de junho, com Irã x Nigéria, primeira das quatro partidas do torneio na cidade. Segundo o Atlético, não haverá evento-teste.

Esta é a terceira atualização do custo da Arena. A primeira fatura formalizada foi de R$ 135 milhões, no convê­­nio assinado entre prefeitura de Curitiba, governo esta­­dual e Atlético, em setembro de 2010, que oficializou a Arena como estádio da Copa. Em julho de 2011, saltou para R$ 184,6 milhões. Em julho do ano passado, R$ 265,4 milhões. Mesmo com um acréscimo de 136% em relação ao preço inicial, a Baixada ainda é a arena mais barata do Mundial. O Beira-Rio, em Porto Alegre, sairá por R$ 330 milhões.

O ajuste financeiro é um dos pontos do plano emergencial para que a sede de Curi­­tiba não seja excluída. Ainda ontem, a Fomento depositou os R$ 39 milhões que faltavam do terceiro empréstimo. Nos próximos dias, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve liberar os R$ 6,5 milhões ainda retidos do crédito de R$ 131,1 milhões.

Os outros dois pontos anunciados na terça-feira, em Curitiba, pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, serão postos em prática a partir de hoje. O comitê gestor da obra, um desses pontos, tem duas reuniões para definir as prioridades do trabalho – uma na prefeitura, outra possivelmente na Arena.

Na segunda-feira o grupo passará a trabalhar diretamente no estádio e, dois dias depois, deve elaborar o primeiro relatório. Somente para o fim da semana que vem está prevista a entrada de novos operários e o reforço de turno no canteiro, outra diretriz do plano emergencial.

A implementação do pacote é acompanhada de declara­­ções públicas de confiança na entrega do estádio. Em Zu­­rique, a presidente Dilma Rous­­sef disse que "estádios são obras simples".

No Rio, Valcke revelou otimismo. "No dia 18 de fevereiro, vamos avaliar. Esperamos o estádio pronto até o fim de abril", disse. "O que posso dizer para os torcedores é que eles ainda podem comprar ingressos e reservar voos para os quatro jogos em Curitiba sem se preocupar", complementou.

Apesar da mensagem positiva, o próprio secretário-geral admitiu que "não há solução fácil" para Curitiba. Nos bastidores da Fifa, os atrasos nas obras são motivo de pânico. "Ninguém sabe o que fazer se Curitiba cair, se os testes mostrarem erros em Itaquera e se os aeroportos não funcionarem", afirmou à Agência Estado um funcionário do alto escalão da entidade.

Segundo o presidente do Atlético, Mario Celso Pe­­tra­­glia, não haverá jogo algum antes do torneio. "Na reunião de terça-feira, fui chamado atenção porque, por pressão do governo, disse que teríamos um jogo-teste em fevereiro. A Fifa não quer mais o jogo, não quer partida de inauguração. Eles não querem pôr em risco o gramado. Não teremos nada até a Copa", afirmou, em entrevista à rádio oficial do clube.

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