Energia
39% das obras da Copel estão atrasadas
Fernando Jasper
Sete das 18 obras da Copel para a Copa do Mundo ou seja, 39% do total estão atrasadas. Dentre as 12 companhias elétricas que atendem às cidades-sede do Mundial, a paranaense tem o terceiro maior índice de atrasos, atrás da baiana Coelba (68%) e da gaúcha CEEE (50%). Os dados são de um relatório publicado em setembro pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O número de empreendimentos em atraso em Curitiba é igual ao do relatório anterior, de maio, e pouco menor que o apontado em fevereiro, quando oito projetos estavam fora do prazo. A Aneel se mostra mais preocupada com um conjunto de seis linhas de transmissão que devem ficar prontas em abril de 2014, a dois meses do início do torneio. Com isso, diz a Agência, o cronograma não tem folgas para acomodar eventuais atrasos, "comuns na construção de linhas que atravessam áreas urbanas".
Em nota, a Copel garantiu "que não haverá problemas de abastecimento durante a Copa", e que trabalha para antecipar a conclusão das obras previstas para abril de 2014. Dos 18 empreendimentos da companhia, dois já ficaram prontos e nove estão sendo executados conforme o esperado.
Quadro nacional
A Aneel acompanha, em todo o país, o andamento de 151 obras prioritárias do setor elétrico para a Copa. Dessas, 40 26% do total estão atrasadas. Desde maio, apenas uma voltou a correr dentro do previsto. Segundo a Agência, doze empreendimentos, construídos pelas concessionárias de Natal, Fortaleza e Recife, já estão prontos. E 99 obras estão cumprindo o cronograma.
Esses projetos buscam reforçar a segurança do sistema de distribuição de energia, reduzindo o risco de interrupções pontuais do fornecimento. A Aneel avalia que, por enquanto, a maioria dos atrasos "não oferece risco à confiabilidade do abastecimento de energia para a Copa de 2014".
A única situação considerada grave é a de Porto Alegre, atendida pela CEEE. "Há três obras que só estarão finalizadas após o início da Copa do Mundo. Outras quatro estão com a conclusão prevista para maio de 2014, data que consideramos muito próxima ao início dos jogos", afirma a Aneel.
Comunidade Fifa
Embratur pediu à agência oficial que baixe suas taxas
Entre os apelos do Embratur para baixar os preços das diárias para a Copa do Mundo de 2014, está um pedido para que a empresa suíça Match, detentora dos direitos do Programa de Hospitalidade da Fifa, reduza suas taxas de intermediação, que estariam encarecendo algumas diárias em mais de 40%. A Match é a principal responsável pela acomodação da comunidade Fifa (equipes, funcionários etc) e também oferece o serviço de reserva ao público, cobrando taxas de intermediação sobre o preço das diárias dos 848 hotéis com quem fechou reservas no país. Em Curitiba e região, Litoral e Ponta Grossa, 13 mil leitos ou 68% do total foram "bloqueados" para serem negociados pela Match.
A oito meses do Mundial da Fifa, as diárias para o período já estão definidas e vão pesar no bolso dos hóspedes. Levantamento da Gazeta do Povo na rede hoteleira de Curitiba mostra que as tarifas podem triplicar em relação ao que é cobrado hoje. A pesquisa avaliou a menor diária para duas pessoas, em quarto standard, em outubro de 2013 e junho de 2014. Nos nove hotéis pesquisados em Curitiba, as altas vão de 56% a 208%.
INFOGRÁFICO: Confira os preços de hotéis em Curitiba e Foz do Iguaçu
Entre os campeões dos aumentos estão hotéis independentes, como o Nikko Hotel, na Barão do Rio Branco, no Centro de Curitiba, que oferece uma suíte por R$ 606 (hoje, o mesmo quarto não custa mais de R$ 248), e redes grandes, como Bourbon e Slaviero.
As tarifas em Curitiba estarão mais caras que as cobrados por hotéis de luxo em Foz do Iguaçu, principal destino turístico do Paraná. Mesmo durante a Copa, quando a cidade no Oeste do estado espera receber um número maciço de turistas, o tarifário não dá sinais de que vai disparar. A mesma pesquisa foi realizada na rede hoteleira em Foz. No Hotel das Cataratas, um dos mais tradicionais da cidade, a tarifa estará 2% mais barata, inclusive.
Aumentos
A escalada de preços não é novidade. O Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) tem realizado várias pesquisas sobre as tarifas hoteleiras no país. Em agosto, encontrou uma diferença de até 583% entre as diárias praticadas naquele mês no Rio de Janeiro e aquelas previstas para o período da Copa do Mundo.
O estudo se baseou nos valores apresentados pelo próprio site da Fifa nas 12 cidades que vão sediar o evento, comparando-os com as tarifas cobradas pelos mesmos hotéis em seus sites de reserva ou sites de reservas de viagens on-line, para estadia entre julho e agosto deste ano.
Neste estudo, a tarifa média para Copa de 2014 em Curitiba foi de US$ 253 (R$ 560). O valor está bem acima do que foi cobrado em Berlim durante o mundial de 2006: US$ 186. "Esses aumentos abusivos vão dificultar a vinda de estrangeiros depois da Copa", prevê Flávio Dino, presidente da Embratur. "Nossa preocupação não é o evento. Durante a Copa, os hotéis estarão lotados. O problema é depois", afirma.
Para atenuar os avanços no valor das tarifas, o governo federal enviou um comunicado oficial para a Fifa e para representantes do setor hoteleiro de todo o Brasil, solicitando a renegociação dos preços das diárias de hotéis estabelecidos para a Copa do Mundo 2014. No comunicado, a Embratur diz que "o que se nota é a projeção de um estratosférico crescimento das tarifas hoteleiras".
Hotéis alegam lei da oferta e demanda para os altos valores
O diretor de Vendas e Marketing da Rede Slaviero, Paulo Brazil Mazzeo Neto, usou a regra de oferta e demanda para justificar a escala de preços. Segundo o executivo, a expectativa de ocupação média para junho do ano que vem é menor que as registradas em anos anteriores. "Durante o mês da Copa, a demanda corporativa vai diminuir. Nos dias que antecedem os jogos estaremos lotados, mas e no restante?", diz.
Outra explicação para o aumento das tarifas, pelo menos no caso da Rede Slaviero, são os investimentos empregados nos hotéis da rede e na contratação e capacitação de mão de obra. "Desde que Curitiba foi confirmada como sede, a Slaviero se comprometeu em melhorar e adequar os equipamentos hoteleiros. Foi, e continua, um investimento de milhões. E precisamos buscar retorno", conta.
Para entidades que representam o setor hoteleiro, o aumento é normal e saudável. Na opinião do presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, Roberto Rotter, não há cobrança abusiva. "A Copa não é um evento social. Tem seus custos e tem de ter retorno", afirma. Roberto Rotter argumenta que é normal os hotéis subirem a tarifa média em ocasiões especiais, e cita o Festival de Cannes, na França; o Super Bowl, nos Estados Unidos; a Fórmula 1, em São Paulo; o carnaval, na Bahia; e o réveillon, no Rio de Janeiro. O discurso da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) é semelhante. Para a entidade, as tarifas brasileiras apenas acompanham a demanda e a carga tributária, e que possíveis abusos, se confirmados, serão combatidos.
Vendas
A reserva de diárias de hotéis para o Mundial no Brasil em 2014 é a melhor da história, de acordo com a Match. O balanço inicial mostra que já foram vendidos R$ 308 milhões em hospedagem. A expectativa é chegar a R$ 650 milhões. No ranking das cidades sedes, Rio de Janeiro tem 50% das diárias vendidas, seguido de São Paulo (10%) e Salvador (8%). Curitiba está no fim da lista, com 2% de reservas confirmadas, empatada com Manaus e perdendo apenas para Cuiabá, ainda sem registro de vendas. O cenário deve ficar mais claro depois do sorteio dos grupos, no dia 6 de dezembro.
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