O jogo
Adversários esperam Brasil mais unido sem Neymar
O corte de Neymar do Mundial ainda repercute entre o elenco da Alemanha, próxima adversária da seleção brasileira. Apesar de reconhecerem a qualidade do camisa 10 do time de Felipão, os europeus acreditam que a ausência dele vai dar forças extras aos donos da casa no confronto de amanhã.
"Sempre queremos ver os grandes jogadores em campo nos grandes jogos. Mas o desfalque do Neymar pode unir mais, motivar muito o Brasil", analisou o meia Schweinsteiger.
Os germânicos também esperam uma mobilização maior da torcida verde-amarela no duelo no Mineirão, em Belo Horizonte. No sábado, por exemplo, na partida entre Holanda e Costa Rica, em Salvador, mesmo sem a seleção em campo, o grito mais ouvido na arquibancada foi o de "Neymar, Neymar".
"Os brasileiros vão apoiar com muita força no estádio. Não estaremos jogando apenas contra 11 pessoas, mas 200 milhões", disse o auxiliar-técnico Hans Flick.
A Copa no Brasil subverteu o estereótipo ligado aos alemães. Taxados de frios e sisudos, os jogadores germânicos vem esbanjando simpatia desde que desembarcaram no Brasil. Amanhã, às 17 h, em Belo Horizonte, a mais carismática Alemanha já vista enfrenta a seleção brasileira na primeira semifinal do Mundial.
Em 9 de junho, antes mesmo de o torneio começar, um vídeo em que o goleiro Neuer e o meia Schweinsteiger aparecem cantando o hino do Bahia, vestidos com a camisa do clube, virou hit na internet. O registro gerou mais de 600 mil visualizações e foi apenas uma prévia dos vários momentos de curtição que os alemães foram protagonistas.
Durante o Mundial, os atletas já dançaram com índios pataxós, passearam de barco, empinaram pipa, interagiram com fãs na praia, exibiram camisas de outras equipes brasileiras como Grêmio e Flamengo e até torceram para o Brasil. Outro vídeo, divulgado pela federação alemã, mostrou parte dos jogadores apoiando efusivamente o time verde-amarelo na decisão por pênaltis diante do Chile, nas oitavas de final.
A "base da diversão" é a pequena vila de Santo André, em Santa Cruz Cabrália, no Sul da Bahia. Em cinco meses, os europeus construíram o próprio centro de treinamento na região, o Campo Bahia. A rotina do local, que tem cerca de 800 moradores, mudou. Os meses de junho e julho que costumam ser ainda mais pacatos no povoado ganharam agitação. E quem esperava um isolamento alemão, se enganou. Rapidamente, os jogadores se tornaram os queridinhos da comunidade.
"Foi uma surpresa muito agradável. A gente imaginou pessoas fechadas, mas eles foram super receptivos. Os alemães viraram família", diz Anahí Ferro, chefe de cozinha em uma pousada próxima ao CT. "O povo é muito tranquilo e quem vem para cá se sente em casa. Foi isso que aconteceu. Eles viram que podiam se soltar sem problemas", acrescenta Luis Bosquetti, argentino que mora na região há 17 anos.
O atacante Podolski é um dos mais "soltinhos" do elenco. Nas redes sociais, ele passou a postar mensagens em português e quase todos os dias elogia o país. Até hashtags típicas dos internautas brasileiros passaram a fazer parte do vocabulário virtual do jogador. "Completamente abismado, nunca vi nada semelhante. #BrasilTeAmo #TudoNosso #RioÉFrenético", postou o camisa 10 ao chegar ao Rio, antes das quartas de final contra a França.
A descontração não afetou o desempenho do time dentro de campo. A Alemanha alcançou a quarta semifinal seguida em Copas, um recorde, e entrou no caminho do Brasil por uma vaga na decisão. Na vila de Santo André, várias pessoas decidiram virar a casaca a favor dos germânicos.
"Vai ser difícil escolher para quem torcer. Vamos fazer festa em todos os gols", projeta Anahí. "As crianças são quase metade da população daqui e eles estão no céu podendo ter contato com os jogadores. Eles não querem mais torcer para o Brasil. Agora é só Alemanha", conta Nikie Iwakiri, moradora da cidade há 29 anos.
Uma vitória sobre o Brasil será a garantia da presença na decisão e de mais curtição para os simpáticos alemães.