Quando Mário Gotze estufou a rede da Argentina no Maracanã, uma nova geração de alemães gritou "campeão do mundo" pela primeira vez na multidão que invadiu o Portão de Brandemburgo, um dos principais símbolos de Berlim.
Eram jovens como Donevan Hahn, Gina Grasse e Kevin Pilgrim, todos de 18 anos. Nasceram depois da Copa de 90, última conquista da Alemanha, e também nunca conviveram com um muro dividindo o país entre ocidentais e orientais. "Deutschland!! (Alemanha), Deutschland!!", celebrava Gina.
Enrolada na bandeira da Alemanha, com o rosto pintado, Janina Müller identificou a reportagem entrevistando outros adolescentes: "Posso falar? Tenho só 20 anos. A sensação é fantástica. Há 24 anos, todos estavam aqui celebrando o título na Copa da Itália e eu só ouvia como tinha sido. Hoje, posso contar que vivi isso".
A forte chuva que caiu até a hora do jogo não espantou as cerca de 200 mil pessoas que, segundo estimativa da mídia local, assistiram à conquista pelos telões espalhados por patrocinadores da Fifa entre o Portão de Brandemburgo e o Obelisco da Vitória, um dos mais famosos trechos turísticos de Berlim.
É lá, aliás, que a seleção alemã deve ser recebida com festa na terça-feira para celebrar o tetracampeonato.
Os torcedores vão festejar um elenco considerado uma "geração de ouro" pelo país e que, na avaliação do alemão que entende e até do que não entende de futebol, merecia ser coroado com a Copa do Mundo depois de anos de trabalho focado e direcionado para o tetracampeonato.
Entre os torcedores que vão recepcionar os campeões do mundo em Berlim certamente estarão os amigos Rabin Apelt, 18, e Clivan Kalgak, 19, ambos torcedores do Bayern de Munique.
Eles sabem como é ganhar uma Champions League (o Bayern foi o campeão de 2013), principal torneio europeu, mas admitem: é incomparável a sensação de levar uma Copa do Mundo.
TENSÃODuas horas antes do jogo, o acesso à região dos telões já estava fechado por causa da quantidade de público. Os bares com transmissão também começaram a encher por volta das 15h (10h no Brasil).
A euforia estava contida durante a partida, apesar da bebedeira que rolou à solta antes, durante e depois do jogo na festa.Quando o argentino Hinguaín botou para dentro do gol no primeiro tempo, o silêncio foi geral, seguido de aplausos pelo impedimento marcado.
Quando Schweinsteiger saiu sangrando de campo na prorrogação, mas retornou, a torcida, enfim, começou a ensaiar um clima de vitória.
O gol de Mário Gotze e o apito final de Nicola Rizzoli explodiram o Portão de Brandemburgo e as ruas de Berlim."A Copa é nossa", disse Vanessa Potzge, 15, pela primeira vez campeã do mundo.
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