Pela segunda vez em 24 anos, a seleção argentina participa e perde para uma final| Foto: Reuters

Dezenas de milhares de torcedores que se reuniram no centro de Buenos Aires para acompanhar a final contra a Alemanha voltaram para casa tristes. A concentração de torcedores aconteceu na Praça San Martín, no bairro de Retiro, e ao redor do Obelisco. Nessas áreas, as cenas eram de choro coletivo, misturado com expressões de resignação, além de palavras de baixo calão sobre jogadores alemães.

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Pela segunda vez em 24 anos, a seleção argentina perdia uma final. Coincidentemente, para a mesma seleção alemã. "Isso parece um karma", afirmou à reportagem a dona de casa Estela Bossio, no bairro da Recoleta. "De novo os alemães. Não pode ser! Eu queria uma final contra o Brasil. Deu tudo errado de novo". Apesar da derrota, em diversos bairros portenhos os torcedores dispararam seus fogos de artifício, comprados para celebrar a vitória que não ocorreu. Muitos torcedores, no entanto, ressaltavam a importância do segundo lugar na Copa enquanto gritavam os nomes de diversos jogadores, principalmente de Lionel Messi e do goleiro Sergio Romero.

TRAVESSEIRO -A tristeza, entretanto, era o tom geral. O estudante Arturo Colotti, de 22 anos, afirmou que queria ir para casa e chorar: "Vou afundar a cara no travesseiro. Chegamos tão perto e mais uma vez nos cortaram as pernas". Colotti comparou a derrota deste domingo "à catástrofe da Itália de 1990". Fazendo um paralelo com a derrota brasileira na semana passada, Colotti disse que "pelo menos os argentinos têm um consolo: não foi a goleada de 7 a 1 que os brasileiros sofreram. Nós perdemos com dignidade."

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Outro torcedor, Raúl Di Napoli, disse à reportagem que o time do técnico Alejandro Sabella era "medíocre". Professor primário, Di Napoli considerou que as únicas exceções eram Lionel Messi e Sergio Romero. "O resto não vale nada", reclamou. "A gente se mata torcendo para nada. Esse pessoal tem sua felicidade garantida quando volta para os times na Europa. Nós, o povo, ficamos sem essa outra alegria."

O septuagenário Norberto Dinardi caminhava furioso pela avenida Pueyrredón, xingando o juiz do jogo contra a Alemanha. Eleitor de Cristina Kirchner, o aposentado decidiu colocar a culpa da derrota em uma complexa teoria da conspiração internacional contra o país. "É o resultado de uma conspiração internacional. A Fifa está de conluio com o FMI e todas essas forças do capitalismo que não querem que as pessoas vejam a garra argentina".