A chegada do comboio azul e branco pode ser constatada pelas placas dos carros e ônibus da Argentina em circulação nas ruas do Rio de Janeiro. Às vésperas da partida contra a Bósnia, no estádio do Maracanã, torcedores cruzaram mais de 2,5 mil quilômetros em estradas nos territórios argentino e brasileiro.
O contador Javier Fernandez, 38 anos, ainda se recupera do cansaço após enfrentar mais de 33 horas de viagem, sem parar, dentro de um Renault Duster com seu filho e mais três amigos.
Na quinta-feira (12), ele saiu às 12h da cidade de Rosário, na Argentina, em direção à Uruguaiana, município situado na fronteira do Rio Grande do Sul. De lá, prosseguiu até o Rio, onde chegou às 21h da noite de sexta (13).
"Viemos direto, nos revezando na direção a cada duas horas", disse Fernandez, que não comprou ingressos para os jogos nem reservou hotel. Após a extenuante viagem, ainda peregrinou por Copacabana em busca de acomodação. Acabou encontrando vaga em um hotel no vizinho bairro do Leme, próximo à arena Fifa Fan Fest, na Avenida Atlântica.
Desde então, Fernandez deixou os programas turísticos de lado para tentar encontrar cinco tíquetes para Argentina e Bósnia. Já gastou horas em tentativas frustradas no site oficial da Fifa.
Agora, ele cogita comprar com cambistas. Andando por Copacabana com a camisa da seleção argentina, ele foi abordado por vários vendedores com ofertas de ingressos.
"Ficamos com certo receio porque há sempre a possibilidade do tíquete ser falso. E estou disposto a pagar no máximo 400 dólares [R$ 893]", acrescentou.
Mesmo que não consiga o ingresso, o argentino ressalta já ter cumprido seu objetivo.
"O mais importante é estar aqui, vivendo a Copa do Mundo. Será uma grande alegria poder torcer pela Argentina aqui no meio do público da Fan Fest", disse Fernandez.
Roteiro semelhante seguiu o professor Júlio Nardelli, 36 anos, morador da cidade argentina de Santa Fé. Com mais três amigos, ele saiu na quinta-feira (12), passou por Dionísio Cerqueira, município na fronteira de Santa Catarina, e continuou até o Rio. Acompanhou um ônibus de sua mesma cidade, com outros dez torcedores.
"Foram 34 horas de viagem. Agora vamos ao Cristo, à praia e depois descansar, porque após a partida, voltamos para a Argentina", disse o torcedor.
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