Tratado por muitos como o maior palco do futebol, o Maracanã se reencontrou com as Copas do Mundo neste domingo, 64 anos depois do dia mais triste da sua história. Ainda que o futebol apresentado na vitória da Argentina por 2 a 1 sobre a Bósnia-Herzegovina não tenha encantado, o jogo vai entrar para a história pela invasão dos argentinos, maioria entre os mais de 74 mil torcedores. Messi, um dos maiores de todos os tempos, respondeu à provocação dos brasileiros "secadores" com um gol no segundo tempo, exatamente quando a torcida cantava o nome de Neymar. Também foi ele quem bateu a falta em que Kolasinac, contra, abriu o placar.
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Durante toda a partida, as arquibancadas do Maracanã viram um duelo paralelo. De um lado, a torcida argentina, cantando seus hinos e uma música especialmente feita para provocar os brasileiros, lembrando Caniggia e afirmando que Maradona jogou mais do que Pelé. Do outro, os brasileiros "com muito orgulho" vaiando o toque de bola argentino, gritando "pentacampeão" e até o famoso "domingo eu vou ao Maracanã" em apoio ao time da Bósnia.
Agora a enorme torcida argentina se prepara para invadir Belo Horizonte, onde a equipe está hospedada, e cidade na qual a Argentina vai pegar o Irã, no sábado, pelo Grupo F. Depois, o jogo contra a Nigéria, no dia 25, será em Porto Alegre. A Bósnia tem seu próximo compromisso em Cuiabá contra os nigerianos, também no sábado.
Jogo Só deu tempo de Messi errar um passe antes de ele participar do primeiro gol argentino. Aos 2 minutos, bateu falta pela esquerda, Marcos Rojo desviou e a bola bateu na perna de Kolasinac, mudou de rumo e foi para dentro do gol bósnio. A Argentina abria o placar com o gol contra mais rápido da história das Copas, tirando o recorde do currículo de Marcelo.
A vantagem inicial parecia o caminho ideal para a Argentina começar a Copa deslanchando. A Bósnia atacava pouco e só foi chegar a primeira vez na área rival aos 6 minutos. O esquema tático adotado pelo técnico Alejandro Sabella, porém, deixava o time estático. Afinal, o treinador surpreendeu ao escalar três zagueiros e deixar Higuaín e Gago de fora - os dois voltam de lesão.
Foi no espaço entre os três zagueiros que Misimovic enfiou bola para Hajrovic, mas Romero foi corajoso e saiu aos pés do atacante. A grande defesa do goleiro, porém, foi em um cabeceio de Lulic, após escanteio cobrado por Dzeko, aos 40 minutos. Romero se esticou para pegar no reflexo, no canto esquerdo.
Do outro lado, Di Maria e Maxi Rodríguez, bem marcados, não conseguiam criar. Messi até tinha espaço, mas não encontrava alternativas senão a jogada individual, sempre bem travada pelos bósnios. Sem o passe deles, Agüero pouco participava da partida.
Sabella percebeu o problema e mudou tudo no intervalo, colocando em campo os dois titulares até então poupados: Gago e Higuaín. Escalada no 4-3-3, a Argentina, esperava-se, passaria a impor seu estilo de jogar. Com mais opções, Messi passou a fazer o ataque argentino funcionar. Em um lance, abriu para Agüero na esquerda, mas o chute foi para longe. Em outro, tocou para Di Maria, que também desperdiçou. Em uma cobrança de falta da entrada da área, o craque bateu muito por cima.
O erro deu argumentos para a torcida brasileira começar a provocar, gritando música em homenagem a Neymar. Foi com essa trilha sonora que Messi tabelou com Higuaín, carregou para o meio e bateu no canto esquerdo de Begovic para fazer o segundo da Argentina. Na comemoração, uma espécie de desabafo do craque, que só fez seu segundo gol em Copas - o outro foi na primeira participação dele, em 2006.
Com a vantagem ampliada no placar e as modificações que deixaram a Bósnia mais ofensiva, a Argentina passou a ter o contra-ataque sua arma mais forte. Mas Messi e companhia não conseguiram criar nenhuma oportunidade clara. Na melhor, Higuaín cabeceou de costas, sem perigo.
Na sua primeira partida em Copas, a Bósnia fez o gol de honra aos 38 minutos. Ibisevic recebeu pela esquerda da área e bateu rasteiro. A bola passou por baixo do inconstante Romero e entrou mansa. No fim, porém, ficou a impressão que faltou fôlego aos bósnios para empatar.
FICHA TÉCNICA
ARGENTINA 2 x 1 BÓSNIA-HERZEGOVINA
ARGENTINA - Romero; Garay, Campagnaro (Fernando Gago) e Federico Fernández; Zabaleta, Mascherano, Di Maria, Maxi Rodríguez (Higuaín) e Marcos Rojo; Messi e Agüero (Biglia). Técnico: Alejandro Sabella.
BÓSNIA-HERZEGOVINA - Begovic; Spahic, Mujdza (Ibisevic), Bicakcic e Kolasinac; Besic, Pjanic, Lulic, Misimovic (Medunjanin) e Hajrovic (Visca); Dzeko. Técnico: Safet Susic.
GOLS - Kolasinac (contra), aos 2 minutos do primeiro tempo; Messi, aos 19, e Ibisevic, aos 38 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Marcos Rojo (Argentina); Spahic (Bósnia-Herzegovina).
ÁRBITRO - Joel Antonio Aguilar (Fifa/El Salvador).
PÚBLICO - 74.738 pessoas.
LOCAL - Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ).
Argentina 2 x 1 Bósnia