Comerciante cearense fatura alto com venda de camisas "esquecidas" do tetra

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Bem ao fundo da loja, atrás do balcão do caixa e ao lado de uma estante cheia de apetrechos em verde e amarelo, há um quadro da seleção brasileira campeã mundial de 1994 pendurado na parede. Mesmo tão escancarado na frente dos clientes, o time de Romário, Bebeto, Branco, Dunga e companhia ficou esquecido no estoque do Lojão dos Esportes, em Fortaleza, por 20 anos. Mas, graças a uma ajudinha da internet, o empresário Paulo Sérgio Vasconcelos, 45 anos, comemora um lucro inesperado com a venda de camisas oficiais do tetra.O que antes não passava de uma pilha de produtos encalhados virou campeão de vendas no número 715 da Avenida Antônio Sales, no bairro Joaquim Távora. Eram cerca de 120 unidades, nos tamanhos P, M, G e 12 anos. Todas novas, compradas direto da fabricante duas décadas atrás, e mantendo as etiquetas originais.

"Na Copa passada ninguém procurou. As camisas ficaram esquecidas e só estouraram depois da divulgação", conta o vendedor Hermano Pereira, que trabalha há cinco anos na loja que vende desde mesa de pingue-pongue e jogos de tabuleiro até bandeiras dos participantes do Mundial.

A tal divulgação aconteceu por acaso em um site voltado para a cultura, memória e o lado B do esporte, o Verminosos por Futebol. Em ‘cearense’, o termo é um sinônimo para fanático. E foram justamente os aficionados por uniformes antigos que fizeram do telefone da loja virar uma loucura. No Facebook, foram 260 solicitações de amizade em poucos dias.

"Tivemos pedidos de mais de dez estados. Começamos vendendo a R$ 99, mas percebi que muita gente comprava para revender. Então resolvi subir o preço para R$ 199 porque tinha de aproveitar um pouco também", confessa Vasconcelos, que comemora um lucro de cerca de R$ 18 mil em um produto dado como morto.

E qual seria o motivo para a ‘ressureição’? Raridade e estilo são as duas principais explicações. Mas a história certamente conta muito. "Muita gente fala que a Nike [que faz os uniformes da seleção desde 1995] nunca fez uma camisa tão bonita quanto a do tetra, que tem sua alma própria. Falta inovação", diz o proprietário do Lojão, que também vende o modelo atual da seleção canarinho a partir de R$ 225.

Ao lado dos uniformes do tetra, ficaram perdidos no tempo ainda alguns exemplares das Eliminatórias de 1993. Em pouco mais de uma semana, o robusto estoque quase sumiu. Sobraram poucos modelos, especialmente os tamanhos menores.

Mas tem um detalhe. "Eu era inexperiente e completei as estrelas em algumas camisas. Na época do título, os clientes diziam que não era mais tetra, era penta. Algumas foram bordadas, outras pintadas. Só agora que descobri que hoje o pessoal gosta delas originais mesmo", lamenta Vasconcelos, que pensa em lançar um site para vender outras 'velharias'.

O comerciante vasculhou o estoque, mas não encontrou mais raridades da seleção, apenas uniformes antigos de vários clubes.E olha que ele só queria mais 30 camisas como as do quadro na parede no fundo do loja. "Agora ninguém vai mais esquecer do time de 1994 por aqui", garante.