11°C de temperatura, chuva permanente e vento cortante. Mesmo podendo escolher qualquer lugar do país para treinar, a seleção brasileira preferiu essas condições na preparação para a Copa do Mundo de 2014. A equipe de Luiz Felipe Scolari enfrentou esse clima nas duas primeiras atividades com bola, ontem, na Granja Comary. Quadro que faz de Teresópolis o mais frio quartel-general do Mundial e põe o Brasil diante de um choque térmico na corrida pelo hexacampeonato.
A Gazeta do Povo fez um levantamento de temperatura na base das 32 seleções que disputarão o Mundial. Usou como referência 10 e 16 horas de ontem, horários em que começaram os treinos dos brasileiros. Pela manhã, duas cidades estavam mais geladas: Montevidéu (8°C), onde está o Complexo Celeste, do Uruguai, e Weggis (10°C), concentração do Brasil em 2006 e primeira escala da Suíça para 2014. À tarde, em nenhuma das 31 cidades fazia tanto frio como em Teresópolis.
Os jogadores fizeram o possível para se proteger. Pela manhã, sete foram a campo com blusas e David Luiz ainda vestiu calça comprida. À tarde, Neymar, Jô e Fred usaram touca. O camisa 9 também recorreu a um par de luvas.
Na Copa, a seleção enfrentará condições climáticas totalmente opostas. Fortaleza, local do jogo com o México, tem temperatura média de 26°C em junho. Brasília, palco da partida contra Camarões, tem na mesma época umidade relativa do ar inferior a 30%. Entre uma cidade e outra, o time passará três dias em Teresópolis.
"A gente sabe desse contraste e toda uma reposição vitamínica foi programado visando a acelerar a imunidade dos jogadores. Começou na terça-feira e vai até o fim da competição", explicou o médico da seleção, Serafim Borges, que aponta a vitamina C como a principal a ser administrada ao grupo no período.
O desejo de usar a nova Granja Comary interferiu na programação. Durante o planejamento para a Copa, Felipão até cogitou usar o CT do São Paulo, em Cotia. Aceitou ficar em Teresópolis após o local passar por uma reforma de R$ 15 milhões. "Não podemos desprezar a estrutura que se tem aqui em função de apenas um jogo. Se fosse ficar em uma cidade por longo tempo, aí seria problema [se preparar em Teresópolis]. Aqui tem todo o apoio para o atleta suportar essa mudança rápida", defendeu o preparador físico Paulo Paixão.
Acostumar-se ao clima brasileiro é uma preocupação das 31 seleções visitantes. Atualmente, cinco delas estão nos EUA, incluindo os norte-americanos, e outras quatro passarão por lá a caminho do Brasil. "Várias cidades americanas são quentes como as do Brasil", justificou o técnico da Nigéria, Stephen Keshi. Ontem, enquanto a seleção congelava em Teresópolis, os africanos treinavam em Houston a 24°C (pela manhã) e 27°C (à tarde).
Atual campeã, a Espanha fará uma escala na primavera americana entre Madri e Curitiba. A Roja jogará em Salvador e no Rio na primeira fase, em uma gangorra climática menos extrema apenas que a escolhida pelo Brasil.
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