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 | Foto: Albari Rosa
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Imagine a situação. Garoto de 16 anos vende a sua televisão e seu videogame para conseguir pagar uma viagem de 52 horas de Salvador, na Bahia, até Cambará, no interior do Paraná. A ideia é tentar a sorte e jogar na categoria de base do Matsubara. Depois desse sacrifício todo, é reprovado no teste do pequeno clube paranaense.

Pois foi justamente isso que aconteceu com o zagueiro Dante há 14 anos. Hoje ele tem 30 anos, defende o gigante Bayern de Munique e está na seleção brasileira que disputará a Copa do Mundo a partir de quinta-feira.

Depois de ter sido recusado por Bahia, Vitória, Fluminense e Portuguesa no início de carreira, Dante, que na época era volante, foi descoberto por olheiros paranaenses, mas a passagem pelo futebol do estado durou, se muito, um mês. O motivo de não ter sido aproveitado até hoje gera duas versões.

"O Suel [Matsubara], presidente do clube, achou o valor pedido pelo nosso empresário muito alto, pois eram apostas. Algo em torno de R$ 100 mil por um pacote fechado com cinco jogadores, eu, o Dante, um zagueiro chamado Ricardo, e dois volantes, o Edson e o Gasolina", conta Marcio Franchesco, que jogava na lateral-esquerdo e hoje trabalha com vendas em Cícero Dantas, na Bahia.

Procurado pela reportagem, Suel Matsubara contou que não se lembra de como ocorreu essa negociação. Já o preparador de goleiros da época, Heid Menezes, aponta outro motivo. "O Matsubara tinha muitos jogadores de defesa e estava procurando mais atacantes", conta.

Mesmo com essa passagem curta, quem o viu jogar em Cambará conta que ele já mostrava um bom futebol. Sem contar que a cabeleira que também o deixou famoso já chamava atenção. "Ele era um ótimo jogador, um moleque bom, bem aplicado. Era um jogador estiloso também, tinha a sua vaidade", admite Amilton de Moraes, o Cobrinha, treinador das categorias de base na época e que trabalhou 34 anos no Matsubara, clube já extinto. Em Cambará, dormiam todos no alojamento do clube.

Sem o interesse do time paranaense, Dante e os amigos foram para o Capivariano, no interior de São Paulo, onde enfrentaram mais problemas. "Nós passávamos só a salsicha e arroz", conta o amigo Franchesco.

Até que, em 2001, Dante finalmente chegou ao Juventude, onde contou com a solidariedade das pessoas do clube de Caxias do Sul (RS) para reforçar o guarda-roupa típico de um baiano e virou profissional. No ano seguinte mudou de volante para zagueiro por imposição do técnico Ricardo Gomes e em 2004 foi para o Lille, da França, quando a carreira começou a decolar. O jogador da seleção tem contrato até 2017 com o Bayern. Segundo o jornal alemão Bild, recebe de salário R$ 11,4 milhões por ano.

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