Ponto fraco
Erros no gol da Croácia colocam Daniel Alves e Marcelo em xeque
Desde que pisou no Brasil, a seleção croata disse que o melhor caminho para vencer os brasileiros era atacar seus laterais. E por pouco os europeus não provocaram uma zebra na abertura da Copa do Mundo de 2014 exatamente nas costas de Daniel Alves e Marcelo.
O gol da Croácia saiu exatamente assim. Daniel Alves foi tentar roubar a bola do goleiro Pletikosa. O estouro chegou a Modric no meio. O meia do Real Madrid abriu na direita para Olic levar até a lateral da área e cruzar contra a desprotegida zaga brasileira. Jelavic chutou mal, a bola desviou em Marcelo e entrou.
"Foi uma tensão imensa. Fiquei gelado", admitiu o autor do primeiro gol contra do Brasil em Copas. "Começar uma estreia com gol contra, mesmo sabendo que foi sem querer, é difícil. Com o apoio da torcida, que começou a gritar meu nome, passei a ficar mais tranquilo. Consegui melhorar e no segundo tempo a gente virou", acrescentou o jogador.
Marcelo melhorou. Daniel Alves, não. A Croácia seguiu atacando em cima do lateral-direito. No ataque, o camisa 2 errava lances bobos. Com 31 anos e uma Copa no currículo, parecia um iniciante. Precisou de uma chamada de Luiz Felipe Scolari ainda no primeiro tempo para entrar na partida.
A chamada mais dura será feita a partir de hoje, em Teresópolis. Felipão sabe que terá trabalho para arrumar a marcação pelas laterais, especialmente porque o México, adversário de terça-feira, em Fortaleza, tem atacantes que caem bem pelos lados do campo.
"O que eu não gostei vou falar com eles primeiro e não falar pra vocês. Eu tenho um grupo e tenho que cuidar do que não gosto dentro do grupo primeiro, tem de cuidar, depois falo pra vocês", disse Scolari.
O técnico Luiz Felipe Scolari deixou de lado o campo, as pranchetas, os vídeos do adversário e se dedicou a uma atividade classificada por ele como ainda mais difícil às vésperas da estreia brasileira na Copa de 2014. Um trabalho psicológico, diferente, individualizado para tentar controlar a ansiedade e a expectativa do jovem time nacional antes do "primeiro degrau" a caminho do hexacampeonato.
E pode ter sido essa estratégia alternativa um dos alicerces para a virada verde e amarela. "Ontem [quarta-feira] de manhã até a noite eu não saí de determinados locais; não pude ir ao meu quarto porque eu tive que fazer um trabalho diferenciado, vendo alguns jogadores que podiam estar sentindo mais o peso de jogar hoje [ontem]. Às vezes a gente imagina que são todos como nós, mais experientes, mais velhos, mais vividos, que assimilamos. Mas eles são jovens", revelou Felipão, que contou com a ajuda da psicóloga da seleção, Regina Brandão.
Um reforço emocional que contribuiu para o time não se abater com o golpe duro de sofrer um gol contra, de Marcelo, logo aos 11 minutos de jogo. "Copa do Mundo é diferente. Claro que quando a gente joga em casa e toma o primeiro gol no começo, do jeito que foi, para assimilar o golpe é um pouco mais difícil. Mas depois dos sete minutos a gente sabia que ia fazer um gol", afirmou o treinador.
Um dos alvos do trabalho foi o capitão Thiago Silva. Sob o peso da braçadeira, ele foi o único a não correr ao banco de reserva na comemoração do gol. Ficou no centro do campo pedindo calma aos colegas quando o Brasil empatou. Ele ainda chegou a ficar de costas durante a cobrança de pênalti de Neymar.
O outro impulso veio das arquibancadas, que não deixaram o time arriar. O próprio Marcelo recobrou o ânimo quando o público começou a gritar seu nome após a falha. "Quem está de parabéns são esses torcedores. Foi maravilhoso, sensacional, fantástico o que fizeram. Se existia alguma história de que São Paulo não torcia pelo Brasil, isso acabou", elogiou, apesar de boa parte do público não ser paulista.
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