Jérôme Valcke recebeu dinheiro ao mesmo tempo da Fifa, entidade que escolhe as sedes da Copa do Mundo, e da campanha da CBF para trazer ao Brasil o Mundial de 2014. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o secretário-geral da entidade continuou a ser pago pela Fifa em 2007 quando, por alguns meses, foi contratado por Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, para ajudar o país a montar um projeto para sediar a Copa.
Em fevereiro de 2007, enquanto estava fora da Fifa, Valcke - que fará a última visita a Curitiba nesta terça-feira - fechou um contrato de US$ 100 mil (R$ 223,5 mil, em valores atuais) para prestar a assessoria à CBF, auxiliando o Brasil na elaboração de um orçamento para a Copa, criando as bases do Comitê Organizador Local (COL) e até estabelecendo uma estratégia para a busca de patrocínios. Esse contrato foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo em 2013.
Embora Valcke estivesse afastado da Fifa naqueles meses, O Estado de S. Paulo obteve a confirmação de que ele continuou a receber um salário da entidade máxima do futebol. Desde março de 2007, já era de conhecimento de todos dentro da Fifa que ele voltaria em julho daquele ano, desta vez para ser o número dois da entidade e o gestor da Copa do Mundo que ele havia ajudado a CBF a preparar.
Valcke foi afastado da Fifa em dezembro de 2006, depois da disputa entre a MasterCard e a Visa pela condição de patrocinadora da entidade. O francês era o diretor de marketing e uma corte dos Estados Unidos determinou que Valcke havia mentido nas negociações com as empresas. Naquele momento, a Fifa emitiu um comunicado de imprensa duro contra Valcke, dizendo que tal comportamento não teria lugar na entidade.
Agora, a assessoria de imprensa da Fifa confirma que o salário do francês continuou a ser pago nos meses em que ele trabalhou para a CBF. "É verdade que Jérome Valcke continuou a receber seu salário (por seis meses) depois de sua saída da Fifa", declarou a entidade. A Fifa, no entanto, justificou o pagamento como sendo parte de um pacote oferecido quando um funcionário deixa o organismo que controla o futebol mundial. "Isso faz parte dos contratos dos funcionários da alta gerência, não apenas na Fifa" explicou a assessoria. "A mesma situação também é verdadeira para treinadores e jogadores de futebol."
A resposta da Fifa contrasta com uma declaração feita pelo presidente da entidade, Joseph Blatter, em 15 de janeiro de 2007. Naquele dia, o suíço afirmou em Paris que Valcke não havia sido demitido, mas colocado "na reserva".
No dia 30 de julho daquele ano, a reportagem do Estadão esteve com Valcke em uma mesa do lobby do hotel Baur au Lac, em Zurique, na companhia de Ricardo Teixeira e do escritor Paulo Coelho. Naquele dia, oito meses depois de seu afastamento, Valcke já era o secretário-geral da Fifa. Três meses depois, o Brasil foi escolhido como sede da Copa de 2014.
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