O que parecia pouco provável aconteceu no Grupo D com a classificação antecipa da Costa Rica às oitavas de final e dois dos três campeões mundiais da chave disputando a última vaga.Após derrotar o Uruguai (3 a 1) e a Itália (1 a 0) e iniciar os preparativos para o jogo contra a Inglaterra, dia 24, a seleção da Costa Rica disse que a campanha atual é fruto do bom acolhimento que tem recebido em Santos e do local abençoado onde treina.
A equipe da América Central escolheu a Vila Belmiro, o estádio do Santos, para ser sua base durante a Copa do Mundo. O local foi palco de importantes triunfos de Pelé, que jogou quase toda a carreira no Santos e sagrou-se bicampeão mundial e bicampeão da Libertadores.
"Essa cidade abençoada, que desenvolveu Pelé, o maior jogador de todos os tempos, e o carinho que temos recebido têm muito a ver com a nossa campanha", disse Adrián Gutiérrez Arguedas, presidente da comissão de seleções da Costa Rica, em entrevista coletiva neste sábado (21).
"Treinamos em um santuário, um templo futebolístico. Temos de respeitar as tradições construídas aqui e honrá-las. Temos a rara oportunidade de usar o mesmo vestiário que Pelé usou para nos prepararmos. E isso tem dignificado nossa campanha", acrescentou Arguedas.
Até 2014, a Costa Rica tinha histórico pífio em Copas do Mundo. Eram três participações, com duas eliminações na fase de grupos (2002 e 2006) e uma nas oitavas de final (1990).
Neste ano, a equipe chamou a atenção ao envolver o Uruguai e vencer por 3 a 1 a equipe bicampeão mundial. Depois, teve atuação segura diante dos italianos, tetracampeões. Agora esperam fechar a primeira fase com novo triunfo ante os ingleses, donos de um título.
"Queremos dizer ao mundo que já conseguimos um feito. Durante as viagens que fazemos neste Mundial alcançamos o céu, mas ao chegar em terra colocamos nossos pés em terra rapidamente. E assim será até o final", disse Arguedas.
Aplausos
O ônibus da delegação deixou o Mendes Plaza Hotel, no Gonzaga, e chegou ao estádio santista, local onde tem treinado, por volta das 16h. Ao menos 50 pessoas esperavam os jogadores. Havia ainda mais de cem jornalistas no local.
"Eles merecem. São a surpresa da Copa e ganharam a simpatia de Santos. A cidade começa a ter carinho. Tomara que cheguem longe", disse Ronaldo Marques, 41 anos, funcionário público de Santos.
Marques estava com o filho de dez anos. O menino estava empolgado ao ver os jogadores da Costa Rica acenarem de dentro do ônibus da equipe e depois agradecerem à torcida presente.
Durante a chegada da delegação, a reportagem pode ver que os jogadores ainda não são tão conhecidos do público. Alvaro Herrera Mora, um dos membros do estafe da equipe, atendeu os torcedores do lado de fora da Vila Belmiro e até deu autógrafos, como se fosse jogador.
As vitórias contra Uruguai (3 a 1) e Itália (1 a 0) reinavam entre os presentes. Alguns diziam que já apostavam na Costa Rica antes da Copa, mas logo viravam motivo de piada.
"Ninguém apostava na Costa Rica antes de a Copa começar", disse Leandro José Maria, 32 anos, operador de cinema em Santos e morador da Praia Grande.
"O que me motivou a vir aqui é a campanha da Costa Rica na Copa. Acho que vale o mesmo para os outros que estão aqui. Se não for o Brasil o campeão, espero que seja a Costa Rica", completou.
A seleção da Costa Rica não tem tradição em Copas do Mundo. Antes de 2014, participou de três edições e o melhor desempenho foi chegar às oitavas de final em 1990.