A estadia da seleção espanhola no Centro de Treinamento (CT) do Caju já deixou um legado para os moradores do bairro Sítio Cercado, região sul de Curitiba: mais policiamento. Cercados por soldados do Exército Brasileiro e de policiais militares, os residentes da região já se sentem mais seguros que o de costume. Mesmo com a sensação de segurança, alguns vizinhos do CT ainda não foram conquistados pela presença espanhola.
Em 2010, o sentimento foi parecido, quando o CT recebeu a seleção brasileira antes da Copa da África do Sul, segundo alguns moradores. Muita segurança e pouco acesso. O bairro é considerado um dos mais violentos da cidade. Ano passado, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp) registrou 51 homicídios no bairro em 2013.
"Pelo menos agora não tem assalto. Tem muito mais policial agora", afirma o vendedor de caminhão, Antonio Rocco, que trabalha na loja em frente à entrada principal do CT do Caju. A loja em que trabalha foi assaltada duas vezes no último mês.
Para a moradora Maria Cristina Andrade, 47 anos, o cotidiano ainda não a deixou entrar em clima de Copa, mas já percebeu as mudanças. "A gente agora convive com mais polícia e equipes de reportagens. O movimento é maior", comenta.
Em 2010
Diferentes de agora, os moradores não viveram de forma tão próxima com o movimento trazido por uma grande seleção. Em 2010, de acordo com eles, as ruas do entorno permaneceram bloqueadas e veículos não eram permitidos passar, o que deixava um ambiente mais apagado do que o atual.
"Eles fecharam as ruas naquele ano. Hoje está mais tranquilo com a Espanha", comenta a dona de casa Marlene Leocádio, 47 anos. A manicure Aline de Carvalho Pereira, 24 anos, disse que chegou a ver um homem passar em frente ao CT xingando a Espanha na noite de domingo (9). "Isso é para mostrar como o povo brasileiro sabe receber bem o estrangeiro", brincou a manicure.
"O Bambino"
A comerciante Laudiceia Bauru também está comemorando muito a presença da Espanha. Praticamente vizinha do CT, o restaurante "O Bambino", onde trabalha, tem recebido pelo menos três equipes de jornalistas e representantes da Real Federação Espanhola de Futebol. "Está muito bom para nós", afirma ela.
Laudiceia elogiou o comportamento dos espanhóis. Segundo ela, eles são mais educados e simpáticos. "O modo deles tratarem a gente é melhor [que os brasileiros]. Eles reconhecem, agradecem e dão gorjeta. São muito atenciosos", comenta Laudiceia.
A primeira impressão
Apesar dos benefícios aos moradores, há aqueles que não foram conquistados pelos atuais campeões mundiais. "Para mim, foi uma decepção", disse Maria Cristina. Na chegada dos espanhois, os moradores da região lotaram a entrada principal do CT, mas não receberam sequer um "tchau". "Tinha muita gente pra recebe-los. Fomos lá. Era quase 22h e nem para acenar. Achei que eles seriam mais simpático", lamentou.
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