Belo Horizonte preparou um verdadeiro plano de guerra para conter manifestações violentas durante a Copa do Mundo. O primeiro jogo na capital mineira ocorre hoje, às 13 horas, entre Colômbia e Grécia, no Mineirão. As autoridades querem evitar os problemas registrados durante a Copa das Confederações, em 2013, e tirar da cidade o rótulo de sede mais hostil ao Mundial. Ao todo, BH receberá seis jogos da competição quatro da primeira fase e outros dois que podem ser do Brasil, nas oitavas de final e semifinal.
Em junho do ano passado, mais pessoas saíram às ruas de BH para protestar do que para acompanhar as partidas no estádio. Nos três dias de duelos durante o torneio teste da Fifa, as passeatas reuniram aproximadamente 140 mil participantes, segundo a Polícia Militar. O público somado dos jogos no Mineirão ficou em 130 mil.
Os protestos deixaram um rastro de depredação na cidade. Quase cem pessoas foram presas e cerca de 60 ficaram feridas nos confrontos. Um jovem de 21 anos morreu após cair de um viaduto na região da Pampulha.
Na Copa, 12 mil policiais militares estão trabalhando em Belo Horizonte, com apoio do Exército, Polícia Federal, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros. Há incerteza em relação à força que as manifestações terão ao longo do Mundial, mas uma prévia pôde ser vista no dia da estreia da seleção brasileira, na quinta-feira.
Um protesto na região central, com cerca de 400 pessoas, terminou com 12 detidos. A sede da prefeitura foi pichada e uma viatura da Polícia Civil acabou depredada. Um repórter fotográfico ficou ferido após levar uma pedrada na cabeça.
"Ninguém sabe ao certo o que vai acontecer. Desenvolvemos um planejamento para um cenário igual ou pior ao do ano passado. Se a intensidade for menor, melhor para todos. Se for maior, estaremos preparados", garante o Major Gilmar Luciano Santos, da PM.
Alguns comerciantes decidiram agir por conta própria para se proteger. As concessionárias de veículos instaladas na Avenida Antônio Carlos, uma das vias de acesso ao Mineirão, foram os principais alvos dos vândalos na Copa das Confederações. O prejuízo, de acordo com o Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos (Sincodiv-MG), chegou a R$ 16 milhões. O espaço da Kia Motors, parceira da Fifa, até hoje não voltou a funcionar.
Neste ano, foram instalados grandes tapumes de metal em frente às lojas, além de arames farpados. Os carros foram levados para galpões. Os estabelecimentos vão funcionar em horário reduzido nos dias de partidas da seleção e não vão abrir nos dias de jogos no Mineirão. Medidas tomadas para tentar afastar o caos testemunhado no último ano.
"Ano passado quebraram os vidros e tentaram atear fogo na loja. Foi um susto grande", relembra a gerente da revendedora da Nissan, Danielle Tostes.
"Para nós que trabalhamos com vendas, toda essa estrutura é ruim, pois afasta o público, mas infelizmente não há como abrir mão da proteção", opina Alisson Oliveira, consultor comercial da concessionária Vernon, da Peugeot.
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