Cesare Prandelli saboreia com orgulho o triunfo de sua filosofia de jogo, que mudou radicalmente a cara da seleção italiana e é elogiada por imprensa e torcedores depois da grande atuação na vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra, na estreia da Copa, sábado.
A seleção - que trocou a retranca e o contra-ataque pela aposta na qualidade técnica para manter a posse de bola e ditar o ritmo da partida - entrou para a história dos Mundiais ao acertar 93,1% dos 601 passes que tentou diante dos jogadores ingleses.
O recorde anterior (a estatística começou a ser registrada na Copa de 1966) pertencia à Dinamarca, com 92,7% de acerto na goleada por 6 a 1 sobre o Uruguai em 1986.
Desde que assumiu o cargo, em agosto de 2010, Prandelli vinha trabalhando nos treinos para moldar o time à sua maneira e repetindo nas entrevistas que o caminho a seguir era o do toque de bola.
A equipe agradou na Eurocopa de 2012, em que foi vice-campeã, e fez boas partidas contra Brasil e Espanha na Copa das Confederações, mas depois disso vinha jogando mal. Mesmo assim, o treinador nunca abandonou suas convicções, e dizia que estava otimista em relação ao que o time poderia fazer na Copa. E agora é incensado como o homem que mostrou aos italianos que a Azzurra também pode jogar bonito.
"Poucas seleções no mundo têm tanta qualidade no meio-campo como a nossa. Por isso, temos de tirar proveito disso e ter superioridade numérica nesse setor para tentar controlar a partida. Não tenho atacantes explosivos, a nossa qualidade é outra: a facilidade para trocar passes e construir as jogadas", disse em Manaus.
Uma olhada nos números dos três jogadores que cuidam da saída de bola ajuda a entender o sucesso da estratégia de Prandelli. Pirlo acertou 103 dos 108 passes que tentou (95%), De Rossi teve 94% de eficiência (99 acertos em 105 tentativas) e o garoto Verratti, em sua estreia num Mundial, deu destino correto a 59 de seus 62 passes (93%). Thiago Motta, que entrou aos 12 minutos do segundo tempo em seu lugar, não errou nenhum dos 26 passes que fez. São números dignos de Busquets, Xavi e Iniesta no melhor Barcelona de Guardiola.
Com 591 passes certos, a Itália lidera o ranking desse quesito na Copa, seguida pelo Chile (523) e Espanha (521) - o Brasil aparece em sétimo, com 373. E a equipe cometeu apenas 12 faltas, sem ter recebido nenhum cartão amarelo.
O novo estilo da Itália "à espanhola" será muito útil nas próximas duas partidas, que começarão às 13h em Recife e Natal. "Quem fica mais com a bola se desgasta menos", diz Cesare Prandelli.
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