Sem Hulk, Felipão mira Ramires para corrigir falhas
A iminente ausência do atacante Hulk no jogo de hoje, às 16 h, contra o México, é vista pelo técnico Luiz Felipe Scolari por dois prismas. Por um lado ele perde uma importante peça tática, por outro, a mudança abre possibilidade de corrigir os dois maiores defeitos do time: bola aérea e espaços vazios nas laterais. Problema e solução ao mesmo tempo.
Com dores na coxa esquerda, o camisa 7 dificilmente entra em campo no Castelão esta tarde. Apesar de a ressonância magnética feita ontem não indicar lesão muscular, o jogador não treinou e entrou em regime intensivo de fisioterapia.
Publicamente, Felipão ainda aguarda uma posição dos médicos para definir os titulares. Mas pela gravidade da situação e pelo último treino na Granja Comary, Ramires é quem vai herdar a vaga. Nome ideal para acertar as arestas ainda abertas da equipe, justamente contra um rival que poderia explorá-las.
No fim de maio, Felipão alertou para os escanteios e cruzamentos do rival em áudio captado pela TV Globo.
"Tomamos uns dez gols do México assim, perdemos a Olimpíada assim", enfatizou o treinador, em atividade realizada em Teresópolis. Com a mesma altura de Hulk (1,80 m), o volante Ramires leva vantagem sobre o companheiro na bola aérea defensiva, além de cobrir muito bem os espaços deixados pelos ofensivos laterais Daniel Alves e Marcelo.
"Os jogadores que tenho podem acrescentar velocidade, marcação mais forte ou uma forma de posicionamento que pode nos ajudar no jogo contra o México", afirmou Scolari, citando exatamente três características de Ramires.
"O Felipão fez uma lista de 23 e todos têm condições de jogar. Ele pode fechar o olho e escolher Bernard, Willian, Ramires... Enfim, vamos estar bem servidos", completou o zagueiro Thiago Silva.
Além de ganhar mais consistência no meio, a seleção não perde qualidade na saída de bola. Veloz e de fôlego privilegiado, Ramires não fez parte do elenco campeão da Copa das Confederações, no ano passado. Mas já tem a confiança para ser escalado de olhos fechados. A definição do time ocorre oficialmente uma hora antes de a partida começar, a pedido da Fifa.
A seleção brasileira quer um novo marco na relação com o público na cidade que inventou o hino cantado à capela. Liderados pelos zagueiros David Luiz e Thiago Silva, os jogadores pediram à torcida que cante o hino abraçada, exatamente como eles fazem dentro de campo, antes do jogo e na volta do intervalo da partida contra o México, hoje, às 16 horas, na Arena Castelão. Uma vitória dá chance ao time de Felipão de se classificar antecipadamente às oitavas de final.
Confira as escalações de Brasil e México
"Gostaria de pedir ao pessoal do Nordeste que estará no jogo para cantar o hino agarradinho, como nós estamos no campo. Isso dá uma motivação muito maior. Se vier essa demonstração da parte do torcedor, saberemos que estão com a gente", pediu Thiago Silva, ontem, na entrevista coletiva. Horas antes, ele e seu companheiro de zaga David Luiz haviam feito o mesmo apelo, em um vídeo publicado no Instagram. "Vamos fazer história aqui em Fortaleza", disse David, abraçado ao capitão.
O hino à capela foi um marco da Copa das Confederações. Moda lançada exatamente em Fortaleza, contra o México, na segunda rodada. A capital cearense levou os protestos de junho de 2013 até a porta do hotel da seleção, o que fez os jogadores se posicionarem pela primeira vez. O hino cantado pelo público em coro, após a execução oficial pelo sistema de som, passou a ser regra nos jogos da seleção dentro do país. Como também passou a ser regra o time entrar em campo com mãos no ombro do colega à frente e ficar abraçado durante o hino.
A conjunção entre time e torcida tem sido uma obsessão de Luiz Felipe Scolari desde o ano passado. O incentivo da torcida em São Paulo mesmo após o time sair perdendo contra a Croácia mereceu elogios do técnico e de Thiago Silva. "Tomamos o primeiro gol, em um uma Copa do Mundo, e tivemos uma reação em grupo, em conjunto com a torcida", disse Felipão. "Em nenhum momento a torcida nos vaiou. Quando tomamos o gol, ela nos incentivou. Aquele empurrão foi muito importante para essa equipe, que é muito jovem, manter a cabeça no lugar", reforçou o capitão.
A torcida brasileira terá na arquibancada um adversário tão duro quanto a seleção em campo. 8.115 ingressos ou 12,7% do total foram vendidos para mexicanos para o jogo de hoje. Contingente suficiente para ocupar um quarto do estádio. Invasão similar à da estreia da Tri contra Camarões, sexta-feira, em Natal.
A vaga antecipada viria com um triunfo sobre o México combinado a empate ou derrota camaronesa amanhã, contra a Croácia. Seria a brecha para poupar o pendurado Neymar do último jogo da primeira fase e a certeza de que o Hino Nacional continuará tocando na Copa. À capela e agarradinho.
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