Apesar do pouco futebol em campo, torcidas fizeram a festa nas arquibancadas da Arena| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Zona Mista

Alegria de um lado, frustração do outro

Raphael Marchiori

Na zona mista da Arena da Baixada, o clima era de confraternização do lado iraniano. Entre beijos e sorrisos, jornalistas e jogadores mostraram satisfação pelo empate conquistado contra o time dos badalados Victor Moses e Obi Mickel.

"[O empate] foi bom para a gente. Agora, podemos ir tranquilos para ganhar uma partida e tentar a classificação", afirmou o capitão da equipe persa, Javad Nekounam, esquecendo-se propositalmente que seu time ainda enfrentará a Argentina de Lionel Messi e a Bósnia, de Dzeko, centroavante titular do milionário Maschester City.

O goleiro nigeriano Vicent Enyama, por sua vez, repetiu o tom de frustração do seu técnico, Stephen Keshi. "Estamos desapontados por não termos sido efetivos e não termos retribuído à torcida o que ela esperava", disse, fazendo menção às vaias recebidas durante o jogo e após o apito final.

Apesar do abatimento, o nigeriano – que defende as cores do francês Lille – tentou mostrar otimismo para a sequência do torneio. "Isso é um jogo e ainda temos seis pontos para disputar".

No sábado, iranianos jogam contra a Argentina, no Mineirão (13 h), em Belo Horizonte, enquanto a Nigéria enfrenta a Bósnia, na Arena Pantanal, e, Cuiabá (19 h).

Aprovação

Apesar dos sentimentos distintos em relação ao placar, tanto asiáticos quanto africanos foram elogiosos a Curitiba e ao estádio atleticano durante suas entrevistas na zona mista. "Fomos muito bem recebidos na cidade e esse é um belo estádio", disse Javad Nekounam. Já Enyama classificou Curitiba como "fantástica".

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Empate sem gols agradou o Irã, enquanto Nigéria lamentou
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Os 39.081 torcedores que estiveram ontem na Arena da Baixada queriam voltar para casa com histórias para contar, de quando viram um jogo de Copa. Mas, fora a integração nas arquibancadas, pouco merece ficar na lembrança. O ranking da Fifa anunciava Irã x Nigéria como o pior duelo do Mundial e a prática confirmou: primeiro empate e primeira partida sem gols.

Confira a nota dos jogadores e quem foi o craque da partida

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A torcida curitibana até tentou ignorar os indícios de falta de técnica e vibrou com os jogadores quando subiram ao campo para o aquecimento. A empolgação permaneceu nos primeiros minutos, de pressão nigeriana, mas foi arrefecendo durante o morno primeiro tempo. Assim que ele terminou, vaias. Na segunda etapa a paciência estava esgotada e os apupos pintavam a cada lance mais feio – e foram muitos.

"Normal. Se o estádio fosse só de iranianos não iríamos ouvir vaias. Uns preferiram apoiar a Nigéria, outros não entendem que a equipe teve de trabalhar muito para chegar aqui", resumiu o técnico da seleção asiática, o moçambicano Carlos Queiroz, dando a dimensão do que foi o resultado para o país. Entre torcedores e adversários, foram os únicos a comemorar.

Ele também defendeu o estilo de jogo defensivo, que deve ser levado ao extremo contra a Argentina: "Não viemos para ser perdedores simpáticos. Peço desculpas ao público que vaiou, mas esse papel não nos cabe. Viemos para competir, ter honra e orgulho".

No segundo tempo, quando adiantou a marcação e foi melhor, o Irã chegou a ter chances de ganhar. Desperdiçadas pela falta de qualidade dos atacantes. À Nigéria, de quem se esperava mais por ter talentos como o volante Mikel, do Chelsea, e os atacantes Moses, do Liverpool, e Emenike, do Fenerbahçe, restou lamentar.

"Estamos todos desapontados. O primeiro jogo era muito importante. Simplesmente não conseguimos passar a marcação deles. É muito frustrante", disse Mikel, eleito o melhor da partida pelo público no site da Fifa – escolha que mede muito mais a popularidade do que ações em campo.

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Depois de começar a partida superior, especialmente quando usava a velocidade de Moses pela esquerda, a seleção nigeriana se perdeu. Quando o atacante do Liverpool saiu machucado no início do segundo tempo, não fez mais nada. "Foram 20 minutos bons. Depois apareceram muitas coisas que temos de arrumar para enfrentar a Bósnia", disse o técnico Stephen Keshi.

De fato, se a teoria já apontava, os primeiros jogos do grupo F, empolgante no Maracanã entre argentinos e bósnios, e sujeito a vaias em Curitiba entre iranianos e nigerianos, mostraram que os primeiros não devem ter dificuldade para avançar.