Zona Mista
Alegria de um lado, frustração do outro
Raphael Marchiori
Na zona mista da Arena da Baixada, o clima era de confraternização do lado iraniano. Entre beijos e sorrisos, jornalistas e jogadores mostraram satisfação pelo empate conquistado contra o time dos badalados Victor Moses e Obi Mickel.
"[O empate] foi bom para a gente. Agora, podemos ir tranquilos para ganhar uma partida e tentar a classificação", afirmou o capitão da equipe persa, Javad Nekounam, esquecendo-se propositalmente que seu time ainda enfrentará a Argentina de Lionel Messi e a Bósnia, de Dzeko, centroavante titular do milionário Maschester City.
O goleiro nigeriano Vicent Enyama, por sua vez, repetiu o tom de frustração do seu técnico, Stephen Keshi. "Estamos desapontados por não termos sido efetivos e não termos retribuído à torcida o que ela esperava", disse, fazendo menção às vaias recebidas durante o jogo e após o apito final.
Apesar do abatimento, o nigeriano que defende as cores do francês Lille tentou mostrar otimismo para a sequência do torneio. "Isso é um jogo e ainda temos seis pontos para disputar".
No sábado, iranianos jogam contra a Argentina, no Mineirão (13 h), em Belo Horizonte, enquanto a Nigéria enfrenta a Bósnia, na Arena Pantanal, e, Cuiabá (19 h).
Aprovação
Apesar dos sentimentos distintos em relação ao placar, tanto asiáticos quanto africanos foram elogiosos a Curitiba e ao estádio atleticano durante suas entrevistas na zona mista. "Fomos muito bem recebidos na cidade e esse é um belo estádio", disse Javad Nekounam. Já Enyama classificou Curitiba como "fantástica".
Os 39.081 torcedores que estiveram ontem na Arena da Baixada queriam voltar para casa com histórias para contar, de quando viram um jogo de Copa. Mas, fora a integração nas arquibancadas, pouco merece ficar na lembrança. O ranking da Fifa anunciava Irã x Nigéria como o pior duelo do Mundial e a prática confirmou: primeiro empate e primeira partida sem gols.
Confira a nota dos jogadores e quem foi o craque da partida
A torcida curitibana até tentou ignorar os indícios de falta de técnica e vibrou com os jogadores quando subiram ao campo para o aquecimento. A empolgação permaneceu nos primeiros minutos, de pressão nigeriana, mas foi arrefecendo durante o morno primeiro tempo. Assim que ele terminou, vaias. Na segunda etapa a paciência estava esgotada e os apupos pintavam a cada lance mais feio e foram muitos.
"Normal. Se o estádio fosse só de iranianos não iríamos ouvir vaias. Uns preferiram apoiar a Nigéria, outros não entendem que a equipe teve de trabalhar muito para chegar aqui", resumiu o técnico da seleção asiática, o moçambicano Carlos Queiroz, dando a dimensão do que foi o resultado para o país. Entre torcedores e adversários, foram os únicos a comemorar.
Ele também defendeu o estilo de jogo defensivo, que deve ser levado ao extremo contra a Argentina: "Não viemos para ser perdedores simpáticos. Peço desculpas ao público que vaiou, mas esse papel não nos cabe. Viemos para competir, ter honra e orgulho".
No segundo tempo, quando adiantou a marcação e foi melhor, o Irã chegou a ter chances de ganhar. Desperdiçadas pela falta de qualidade dos atacantes. À Nigéria, de quem se esperava mais por ter talentos como o volante Mikel, do Chelsea, e os atacantes Moses, do Liverpool, e Emenike, do Fenerbahçe, restou lamentar.
"Estamos todos desapontados. O primeiro jogo era muito importante. Simplesmente não conseguimos passar a marcação deles. É muito frustrante", disse Mikel, eleito o melhor da partida pelo público no site da Fifa escolha que mede muito mais a popularidade do que ações em campo.
Depois de começar a partida superior, especialmente quando usava a velocidade de Moses pela esquerda, a seleção nigeriana se perdeu. Quando o atacante do Liverpool saiu machucado no início do segundo tempo, não fez mais nada. "Foram 20 minutos bons. Depois apareceram muitas coisas que temos de arrumar para enfrentar a Bósnia", disse o técnico Stephen Keshi.
De fato, se a teoria já apontava, os primeiros jogos do grupo F, empolgante no Maracanã entre argentinos e bósnios, e sujeito a vaias em Curitiba entre iranianos e nigerianos, mostraram que os primeiros não devem ter dificuldade para avançar.
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