Vaias para o presidente da Fifa, filas na entrada e uma virada espetacular no último minuto marcaram a estreia do estádio mais caro do país na Copa de 2014. A vitória da Suíça sobre o Equador, por 2 a 1, no Mané Garrincha, fez jus ao nível das nove partidas anteriores e à boa fase da seleção europeia, única a vencer o Brasil (1 a 0) depois da conquista da Copa das Confederações. Por outro lado, acabou com o otimismo dos equatorianos, que dependem de bons resultados contra França e Honduras para seguirem vivos no Grupo E.
Antes de o jogo começar, um grupo de cerca de 200 manifestantes contrários aos gastos públicos com a Copa do Mundo se reuniu na rodoviária de Brasília e organizou uma caminhada com "apitaço" em direção ao estádio, que custou R$ 1,9 bilhão e foi construído apenas com recursos do governo do Distrito Federal. Eles pararam em uma barreira policial montada a 1,5 km da arena e armaram uma pelada na rua, com galões dágua improvisados como traves.
Dentro do Mané Garrincha, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi vaiado no momento em que apareceu no telão, ao lado do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Ambos não chegaram nem a ser anunciados pelo sistema de som. A vaia durou alguns segundos e parou quando a imagem mudou ao contrário da abertura do Mundial, não houve xingamentos.
O coro poderia ter sido maior se todo o público estivesse presente. A fila de acesso acabou aos 15 minutos do primeiro tempo. Cerca de 25% dos 68.351 espectadores só conseguiram entrar depois do apito inicial o problema teria sido causado porque a maioria dos torcedores decidiu se encaminhar ao estádio em cima da hora e por falhas na operação dos detectores de metais.
Com a bola rolando, o que se viu foi um confronto equilibrado, marcado por falhas defensivas. Os dois primeiros gols foram quase idênticos. Aos 22/1.º, o lateral Ayoví cobrou falta da esquerda e o atacante Enner Valencia subiu sozinho, na pequena área, para abrir o placar para os equatorianos.
Apesar de manter 56% de posse de bola e chutar 18 vezes a gol, contra 10 do adversário, os suíços só empataram após o intervalo. Aos 2/2.º, o lateral Rodríguez bateu escanteio da esquerda e o meia Mehmedi subiu sozinho na pequena área para marcar.
Quinta virada
O jogo esquentou ao longo dos minutos finais até chegar a um desfecho eletrizante. Aos 48/2.º, o equatoriano Arroyo recebeu de frente para o goleiro, mas foi travado pelo meia Behrami. Depois do desarme na grande área, o suíço partiu com a bola, sofreu falta, caiu com o corpo inteiro no chão, mas conseguiu se levantar e dar sequência ao contra-ataque, que acabou com o gol do atacante Seferovic.
"Eu coloquei na minha cabeça que precisava ficar de pé e seguir adiante", disse Behrami à Gazeta do Povo, após o jogo. O lance valeu a quinta virada da Copa de 2014 em todo Mundial da África, houve quatro. "Foi como um sonho ganhar uma partida dessas no último minuto", disse o técnico da Suíça, Ottmar Hitzfeld. Para o treinador do Equador, Reinaldo Rueda, o time sul-americano foi "traído pelas emoções" na jogada. "Cometemos uma ingenuidade que nos custou a partida."
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