Estratégia
Ingleses usam fleuma britânica para diminuir a importância do jogo
Enquanto os uruguaios classificam e admitem ser o jogo de hoje uma decisão antecipada, o adversário contrapõe com a tradicional fleuma britânica. Com a experiência de ter disputado e perdido as últimas três Copas, o capitão inglês Steven Gerrard disse não encarar o duelo contra a Celeste como uma final.
"Não é uma final. Acredito que alguns dos jogadores uruguaios e o técnico vão encarar como uma final, dando essa mesma importância, mas não é uma final. É claro que é um jogo muito importante, mas essencial nele é quem definir melhor. São duas equipes excelentes e estamos confiantes de que vamos conseguir o resultado", declarou ele.
Não era hora de polêmica. O capitão e o técnico Roy Hodgson preferiram falar do clima, cuja previsão é de ser ameno hoje na hora do duelo, podendo chegar a 13°C. Bem mais agradável do que a sauna úmida de Manaus, quando o time perdeu para a Itália.
Os escalados para a entrevista coletiva de ontem classificaram ainda o desfalque de Lugano como problema de Óscar Tabárez, disseram não haver lição alguma para aprender com a eliminação da campeã mundial Espanha e, apesar de classificarem Luis Suárez como um "gênio", pulverizaram a preocupação à toda equipe uruguaia. "São 11 jogadores, uma equipe muito forte", resumiu Gerrard.
Apesar de ter liberado apenas 15 minutos de treino, como o adversário uruguaio, o técnico inglês não deve mudar a equipe. Wayne Ronney, que vem cultivando um desgaste com a imprensa inglesa, ganhou a defesa do comandante e jogará mais centralizado, como o principal armador do time. Sterling deve jogar pela direita e Welbeck pela esquerda. A função de centroavante será de Sturridge.
Desde o sorteio das chaves do Mundial, em dezembro do ano passado, sabia-se que um campeão mundial do Grupo D se despediria precocemente do Brasil. Ao perderem na primeira rodada, Uruguai e Inglaterra assumiram o protagonismo da ameaça anunciada, prestes a se materializar hoje, às 16 horas, na Arena Corinthians. Sem nenhum ponto, uma derrota praticamente sacramenta a desclassificação para as oitavas de final do torneio. Itália e Costa Rica lideram com três pontos e se enfrentam amanhã.
Confira as escalações de Inglaterra e Uruguai
Os movimentos, os olhares, as palavras expõem o grau de tensão dos adversários desde as derrotas na rodada inaugural. Mas, apesar de amargo, o tropeço da Inglaterra para a Itália era muito mais plausível do que os 3 a 1 da Costa Rica, que desmontaram os uruguaios.
A Celeste desembarcou no Brasil com a força histórica de ter destruído o sonho do primeiro título brasileiro em casa em 1950. Agora, desafia os próprios fantasmas. "Foi uma derrota difícil de digerir. Não porque achávamos que seria fácil vencer a Costa Rica, mas porque fizemos um bom trabalho antes da Copa e queríamos começar com o pé direito", garante o atacante Cavani, autor de 25 gols na última temporada em 43 jogos pelo Paris Saint-Germain.
"Mas não está terminado", assegura o técnico Óscar Tabárez, enquanto tenta remontar a Celeste técnica, tática e emocionalmente. Tantas dificuldades o fizeram deixar apenas para hoje o anúncio de quem será seu eco em campo. A equipe sofreu um desfalque inesperado às vésperas da partida. O experiente capitão Diego Lugano viu a chance de dar sobrevida à seleção sucumbir às dores no joelho. Aos 33 anos, pode ser, inclusive, o fim da sua passagem pela seleção, marcada especialmente pelo quarto lugar na África em 2010. A tendência é de que o jovem Giménez, do Atlético de Madrid, assuma a posição.
É também graças a uma contusão no joelho que Luis Suárez virou o maior assunto para os uruguaios, ingleses e imprensa em geral. Artilheiro do Campeonato Inglês na temporada passada com 31 gols, ele não enfrentou a Costa Rica. Capitão na Olimpíada de 2012, ele é cotado para assumir a braçadeira e a incumbência de controlar os ânimos esta tarde.
"Não há solução com Luis Suárez", admitiu o inglês Frank Lampard. "Ele é um jogador fantástico. A solução é defender o melhor que a gente puder", afirmou o jogador do Liverpool.
Outra mudança na equipe ocorre por causa da expulsão de Maxi Pereira. Cáceres será deslocado para a lateral direita e Alvaro Pereira entra na esquerda para tentar exorcizar o temor celeste.
Em obras
Enquanto o zagueiro Lugano, vetado do jogo, fazia as vezes de auxiliar técnico, observando o aquecimento dos colegas no treino do Uruguai, ontem, o som ambiente do Itaquerão era de metal sendo soldado. Uma semana após a estreia do Brasil, contra a Croácia, o estádio vai para o seu segundo jogo sem estar pronto. De acordo com seguranças, o trabalho não parou completamente nenhum dia. Ontem, operários presos a cordas ajustavam alguns vidros na parte interna.