Pessoas que participaram de manifestações em Curitiba estão sendo intimidas a depor pela Polícia Federal na próxima segunda-feira (16). Nesse dia ocorrerá o primeiro jogo da Copa na cidade, entre Irã e Nigéria, e uma manifestação popular contra os gastos públicos no evento.
Renato Almeida Freitas Júnior, um dos intimados, publicou nas redes sociais uma foto do documento expedido pela Delegacia de Defesa Institucional da Polícia Federal. A intimação determina que ele compareça à sede da unidade, na próxima segunda (16), às 9h, para esclarecimentos de "interesse da Justiça".
De acordo com Freitas Júnior, que é formado em Direito, ele nunca se envolveu com manifestantes adeptos da tática black bloc que tem se mostrado violentos quando em confronto com a polícia - e vê a atitude da Polícia Federal como "um abuso de direito". "É uma política autoritária. Ao invés de dialogarem, eles preferem intimidar as pessoas". O advogado diz ter ouvido relatos de, pelo menos, mais 17 pessoas que foram intimadas.
Na intimação, a Polícia Federal diz que o procedimento faz parte de um inquérito policial que apura delitos previstos no Código Penal Brasileiro. Um dos itens citados é o 288, que trata de formação de quadrilha. "Esse artigo dá a possibilidade de a polícia decretar prisão provisória de 10 dias para apurar os fatos e isso é um absurdo", argumenta Freitas Júnior, que diz ter ouvido relatos de procedimento semelhante em Porto Alegre, São Paulo e Brasília.
Ao todo, mais de 2,5 mil pessoas convidadas em uma página do Facebook já confirmam presença manifestação "Não vai ter Copa", cuja concentração está marcada para 16h da próxima segunda-feira, na Boca Maldita.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”