A Argélia, que enfrentou a Rússia na Arena da Baixada, foi o país que deu mais trabalho aos policiais devido aos torcedores inflamados e propensos a brigarem entre si| Foto: Giuliano Gomes / Gazeta do Povo

Ao todo, 1.015.035 estrangeiros de 202 países entraram no Brasil durante a Copa do Mundo. Um contingente equivalente a mais da metade da população de Curitiba. Além da festa e do dinheiro que trouxeram para o país, muitos deles deixaram lembranças pelo que aprontaram de errado.

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Montado como um quartel-general de investigações de crimes cometidos pelos visitantes, o Centro de Cooperação Policial Inter­­nacional apurou a ficha de 1,3 mil estrangeiros considerados suspeitos ao longo do torneio. "Um a cada 15 tinha algum antecedente ou processo ativo no seu país", diz o chefe do escritório da Interpol no Brasil, Luiz Eduardo Navajas.

A estrutura de segurança instalada na sede do Depar­­tamento de Polícia Federal, em Brasília, contou com 280 agentes dos 32 países que participaram da competição. Além de unificar bancos de dados e informações de inteligência, eles atuaram na linha de frente da segurança dentro dos estádios.

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Muitas situações vividas por eles entram para a história como "causos" da Copa. Conheça algumas delas.

Iranianos

De acordo com o delegado Navajas, a delegação iraniana fez uma série de exigências antes da Copa. Dentre elas, que a polícia reprimisse possíveis manifestações a favor dos direitos dos homossexuais nas cidades onde a seleção jogasse – o Irã é um dos sete países que condenam o homossexualismo com pena de morte. Além disso, os persas não queriam ter a segurança feita por mulheres. Eles também pediram que bandeiras e cartazes com alusão ao regime anterior à Revolução Islâmica de 1979 fossem vetados nos estádios. Das três demandas, só a última foi acatada. No jogo entre Irã e Nigéria, em Curitiba, houve um protesto pacífico de ativistas homossexuais na Boca Maldita. E por pouco não houve confusão na arquibancada da Arena da Baixada pela presença das bandeiras proibidas.

Alerta internacional

Cinco estrangeiros foram presos durante a Copa após alertas de "difusão vermelha", que funciona como um alarme internacional que pede a prisão de criminosos considerados perigosos. O primeiro detido foi o mexicano José Díaz-Barajas, 49 anos. Procurado pela Justiça dos EUA pela fabricação de drogas sintéticas, ele foi preso no Aeroporto do Galeão, no Rio, quando embarcava para Fortaleza para assistir a Brasil x México. Além dele, a polícia prendeu um traficante argentino (Davi Julio Ricardo Gil) e um alemão (Michael Konzok). Completam a lista Salvador Siciliano, acusado de sequestros e mortes durante a ditadura argentina, e Dennis Alfred Grell, procurado por crimes tributários na Alemanha.

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Barrados

Ao longo da Copa do Mundo, a Polícia Federal impediu a entrada de 371 estrangeiros. Desses 87 estavam em uma lista de barra-bravas da Argentina, além de 67 americanos e 47 nigerianos. Também foram fiscalizados 42.059 "stewards" (agentes de segurança privada que atuaram dentro dos estádios), dos quais 588 apresentaram problemas. Ainda na linha do "cortar na própria carne", também foi preso no Rio o policial federal francês William Meynard, com 30 gramas de maconha. Depois do flagrante, ele ofereceu propina aos policiais brasileiros.

Antecedentes

Algumas das checagens de antecedentes acabaram entregando estrangeiros que cometeram pequenos crimes no Brasil. O chileno Carlos Toro foi detido em Brasília no dia 26 de junho furtando equipamentos de uma loja de eletrônicos. No Chile, ele era procurado por furto e invasão de domicílio e espera pela extradição. O torcedor italiano Mario Ferri, que invadiu a Fonte Nova durante o jogo entre Bélgica e EUA, também foi extraditado. Depois de checar a ficha dele, a polícia descobriu que ele já havia sido banido de estádios da Inglaterra e Itália por invasão de campo. Já o croata Jedud Vanja fez o caminho inverso: envolveu-se em uma briga entre torcedores na Arena Pernambuco e acabou banido dos jogos na Croácia.

Argelinos na ponta

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Em um balanço informal feito pelos agentes do Centro de Cooperação Policial Internacional, os torcedores da Argélia foram considerados os mais difíceis de se lidar dentro dos estádios. "Eles torcem fervorosamente e quase sempre arrumam confusão entre si", diz o delegado Navajas. Uma das partidas com mais focos de confusão foi contra a Rússia, em Curitiba, que definiu a classificação dos árabes para as oitavas. "A coisa só não ficou feia porque os policiais argelinos que estavam aqui conversaram e acalmaram o pessoal." Os argentinos ficaram em segundo lugar, mas mais pela quantidade do que pelo número de ocorrências. Colombianos e nigerianos também figuraram no grupo dos mais desafiadores.