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Scolari irá usar a saída de Neymar para motivar o grupo | Foto: Hugo harada
Scolari irá usar a saída de Neymar para motivar o grupo| Foto: Foto: Hugo harada

A joelhada de Zúñiga tirou Neymar da Copa e abriu o caminho para o velho Felipão entrar em ação. O motivador faminto por um elemento externo para incendiar seus jogadores, enfim, encontrou o prato cheio que procurava desde o início do torneio. O mote do trabalho para a semifinal de amanhã, contra a Alemanha, está escolhido e sendo devidamente atacado: o time de um craque só tem a chance de provar que pode ser campeão sem a sua referência. Seja pela capacidade do grupo, seja por vestir a camisa mais vitoriosa do futebol mundial.

Quando a seleção brasileira chegou a Teresópolis na madrugada de sábado, já estava definido que esta seria a linha de trabalho para enfrentar os alemães. A presença de Neymar até o início da tarde ajudou o grupo a assimilar a perda do craque. Mas bastou o helicóptero decolar com o atacante para Scolari virar a chave e intensificar a "lavagem cerebral" no elenco.

"Em qualquer catástrofe surge uma oportunidade de fazer algo diferente. Olhando as quatro que classificaram para a semifinal, é o peso da camisa que faz a diferença", afirmou em entrevista ao Jornal Nacional, sábado à noite, indicando o caminho.

Foi em cima da reconstrução mental do time que funcionou a conversa da psicóloga Regina Brandão com o grupo, ontem, em Teresópolis. A visita já estava prevista, mas ganhou importância extra a partir do corte do camisa 10. Tão importante quanto a presença da psicóloga são as frases de pensadores famosos que Felipão mantém em um envelope. Pensamentos que são depositados por baixo da porta dos jogadores e estampadas na parede do vestiário.

"A dificuldade é um severo instrutor", do filósofo irlandês Edmund Burke, "A dificuldade sempre deve ser entendida como um desafio, como uma oportunidade de se chegar a objetivos", do cientista norte-americano Albert Einstein, e "As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, quando não as encontram, as criam", do dramaturgo irlandês George Bernard Shaw, foram frases expostas na parede do Mineirão antes do jogo com o Chile, pelas oitavas. Bateria que será recarregada e disparada com intensidade até o início da partida contra os alemães.

"É a hora e a vez do Felipão mostrar quem é. Agora ele cresce, mostra sua capacidade de liderança e mobilização", diz Luís Carlos Silveira Martins, ex-presidente do Grêmio e amigo do treinador. "Não tem outra linha a seguir que não seja a de mostrar ao time que é a oportunidade de responder a quem achava que era impossível vencer sem o Neymar", reforça Zélio Wilton Hocsman, presidente da Federação Comercial do Rio Grande do Sul (Federasul) e também "cumpadre" de Felipão.

Com a experiência de dirigentes do Grêmio na época em que Scolari deu ao clube um Brasileiro, uma Copa do Brasil e uma Libertadores, os dois indicam que o treinador deve reservar palavras especiais para pelo menos dois jogadores. "O Felipão sempre foi muito atrevido na motivação aos jogadores e na confiança que deposita no elenco. Ele passará toda a liderança do time ao David Luiz e dirá palavras fortes ao Fred para mostrar que confia nele", aposta Hocsman.

David Luiz vestirá a braçadeira de capitão por causa da suspensão de Thiago Silva. Apagado na Copa, Fred terá a missão de ampliar a solitária marca de um gol. Mais do que nenhum outro, é o camisa 9 quem precisa mostrar que esse Brasil pode ser campeão sem Neymar. Felipão não tem dúvida de que somente essa consciência levará o time a desbancar o favoritismo técnico dos alemães.

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