Primeiros movimentos dos operários na obra do Itaquerão: terraplanagem deve levar de 90 a 100 dias.| Foto: Nacho Doce/ Reuters

São Paulo teve a primeira grande polêmica da Copa do Mundo, a escolha do estádio – ou melhor, a mudança da escolha. O Morumbi fez parte de toda a campanha da candidatura da cidade, mas acabou sendo rapidamente trocado pelo futuro lar corintiano, o Itaquerão.

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O primeiro projeto tricolor não agradou à Fifa e foi modificado – os custos subiriam de R$ 265 milhões a R$ 630 milhões. Como não apresentou garantias financeiras para bancar as obras, o São Paulo viu sua casa ser retirada do Mundial. Pesou também o fato de o clube ter relacionamento conflituoso com o presidente da CBF e do COL, Ricardo Teixeira.

Surgiu então a proposta de construir um estádio para o Corinthians – o presidente do Timão é amigo de Teixeira e foi o chefe da delegação brasileira na Copa de 2010. Ideia que caminha a passos lentos. Entraves burocráticos em um terreno que é originalmente da prefeitura paulista foram se acumulando.

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A Odebrecht, vencedora da licitação, ficará responsável por erguer um estádio de 65 mil lugares – pensando na hipótese de ficar com a abertura do Mundial. O orçamento da obra ainda não está claro. A empresa anunciou um custo de R$ 1 bilhão no dia 13/05, mas o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, prometeu uma cifra menor, de R$ 700 milhões, no dia 27/06.

Independentemente do valor, o Timão não tinha dinheiro para bancar sozinho a obra. Assim, pediu ajuda da prefeitura, que cederia papéis de isenção fiscal para que o clube vendesse no mercado em troca de investimentos. A aprovação na Câmara de Vereadores de São Paulo virou uma novela, teve torcedores pressionando parlamentares, mas o texto que beneficia o clube em cerca de R$ 420 milhões foi aprovado em 1.ª instância. "Não há plano B ou C. É fazer ou fazer o estádio em Itaquera para São Paulo receber a Copa", pressionou o ministro do Esporte, Orlando Silva, em entrevista no dia 30/06.

O início das obras se deu apenas no dia 30/05, com o processo de terraplanagem, cuja duração estimada é entre 90 e 100 dias. Se não houver mais atrasos, o estádio estará pronto em março ou abril de 2014. Bem em cima da hora. A lambança levou a Fifa a excluir a capital paulista da Copa das Confederações.

As cinco cidades escolhidas serão divulgadas no dia 29 de julho, mas uma lista extraoficial apresentada pela Rede Globo apontou como eleitas Rio, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. O estádio paulista, porém, segue favorito a abrigar a abertura da Copa 2014 – a Fifa adiou o anúncio para outubro em uma tentativa de avaliar o andamento da construção paulistana.

Além dos recursos para bancar a edificação, o terreno também vai demandar investimentos do clube (ou seus investidores). A prefeitura fechou acordo com o Corinthians cobrando R$ 12 milhões em ações sociais por não ter cumprido as exigências do contrato de cessão do terreno, de posse do Alvinegro desde 1988. Um terço das contrapartidas deverá estar concluído seis meses após o Mundial.

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A região também ganhou um investimento extra para melhorar o acesso ao estádio. Um convênio entre os governos estadual e municipal foi firmado para investir R$ 478,2 milhões em infraestrutura, especialmente em termos de transporte, até 2013. O estado bancará R$ 346 milhões e o município contribuirá com R$ 132,2 milhões.

Considerando ainda o valor inicial estimado na Matriz de Responsabilidade, a capital paulista seria a campeã de investimentos: R$ 5,6 bilhões – o que sobe para R$ 7 bilhões com o valor integral do estádio e as melhorias em Itaquera. Estão incluídas nesse montante as quantias destinadas ao aeroporto de Guarulhos (R$ 1,2 bilhão) e ao de Viracopos, em Campinas (R$ 742 milhões) – as ampliações dos terminais serão tocadas por empresas privadas, que poderão explorar comercialmente lojas e publicidade dos novos espaços. O termo de cooperação entre Infraero e Exército para a terraplanagem de onde será erguido o terceiro terminal de Guarulhos foi assinado no dia 16/05.

Mas a principal obra, em termos de utilização de recursos, é a implantação de uma linha de monotrilho, uma espécie de trem que ligaria estações de metrô ao aeroporto de Congonhas. Uma ousadia orçada inicialmente em R$ 2,8 bilhões e que já virou polêmica. O governador Geraldo Alckmin (DEM) ameaça adiar a inauguração da linha até o aeroporto para 2015, pois o trajeto foi pensado para beneficiar o Morumbi, estádio que não é mais o palco dos jogos na cidade. O Itaquerão fica do outro lado da cidade.