Legislativo
Deputado cobra exoneração
Principal nome da oposição na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Tadeu Veneri (PT) classificou como "gravíssima" a declaração do atual secretário do governo Beto Richa (PSDB) para Assuntos da Copa 2014, Mario Celso Cunha. Em reunião no Conselho Deliberativo do Atlético, em 2010, o então vereador de Curitiba sugeriu que o governo federal poderia perdoar um possível calote do clube em caso de empréstimo para a reforma da Arena. "Isso é gravíssimo, qualquer que seja o contexto. É chocante um secretário pregar o calote", disse o parlamentar.
Veneri cobrou também uma posição oficial do Palácio Iguaçu. "O governador precisa tomar medidas bastante responsáveis, duras, manter a sua autoridade. Ou exonera o secretário do cargo ou estará concordando, o que é mais grave ainda", ressaltou o petista. "O Mario Celso é uma pessoa experiente, não podia falar isso", emendou.
O deputado informou ainda que irá protocolar amanhã na Assembleia um pedido de informações, sobre o projeto envolvendo o financiamento das obras do estádio, que terá a participação da Fomento Paraná, autarquia do governo estadual (o órgão pedirá o empréstimo do BNDES e repassará o dinheiro ao Atlético). O governo do estado informou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que não se pronunciaria sobre o caso.
66,6%
A engenharia financeira atual para a conclusão da nova Arena prevê que dois terços da obra 66,6% sejam financiados pelo poder público. De acordo com o orçamento divulgado pelo Atlético, governo estadual e municipal terão de bancar R$ 123 milhões dos R$ 184,6 milhões previstos para a reforma no estádio.
Neste montante, estão incluídos R$ 92,2 milhões em títulos do potencial construtivo (créditos imobiliários cedidos pela prefeitura), dados como garantia ao BNDES, e R$ 30,8 milhões em recursos próprios. A parte atleticana da conta tem R$ 46 milhões, valor do CT do Caju que também serve como garantia, além de R$ 15,4 milhões que, segundo o presidente Mario Celso Petraglia, já foram investidos na obra.
Secretário estadual para Assuntos da Copa do Mundo de 2014, Mario Celso Cunha (PSB) sugeriu que o Atlético pegasse dinheiro emprestado do poder público para a reforma da Arena visando aos jogos do Mundial. O principal argumento do então vereador e coordenador do evento da Fifa na Câmara Municipal de Curitiba era de que um possível calote viria a ser anistiado pelo governo.
Esporte | 3:47
Secretário estadual da Copa do Mundo expõe a sua visão sobre o pagamento dos financiamentos para o Mundial.
O discurso, feito em 2010, foi para convencer a diretoria e os conselheiros do Rubro-Negro a buscar recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em uma triangulação que envolveria ainda a Agência de Fomento do Paraná (nome da autarquia à época, hoje Fomento Paraná), para a obra. O vídeo da reunião foi obtido com exclusividade pela Gazeta do Povo.
"O que vai acontecer? Eu tenho quase certeza. Se os clubes forem assumir esses financiamentos [para obras em estádios] não vão pagar coisa nenhuma [...] É claro que estou falando sobre suposição, mas eu acredito muito que vão perdoar essas dívidas. Não vai ter como o governo cobrar os clubes, quando o próprio Brasil quer fazer a Copa do Mundo aqui", disse Cunha, prevendo que, no fim das contas, o poder público arcaria com todos os gastos.
O parlamentar pediu a palavra logo após a apresentação da consultoria SIN que, por meio de um estudo, mostrou ser inviável o Atlético arcar com os custos da reforma da praça esportiva conforme as exigências da Fifa.
No fim do discurso, o político fez ainda um alerta ao colegiado de atleticanos. "Quero deixar essas colocações para reflexão, deixando claro que, dependendo da decisão do conselho, se for uma negativa, não tem Copa na Arena, não tem Copa em Curitiba", vaticinou ele, então líder do prefeito Luciano Ducci (PSB) na Câmara.
A Gazeta do Povo entrevistou Cunha em seu gabinete, no primeiro andar do Palácio das Araucárias, uma das sedes do governo do Paraná. O secretário confirmou a declaração e admitiu a existência de um conflito de interesses entre as duas posições dele: representante do poder público e o conselheiro do clube do coração. "Não me arrependo, foi coisa de momento. Na época eu pensava assim, que a dívida poderia até ser perdoada [pelo governo]", contou.
Segundo Cunha, foi necessário lançar o argumento de que o governo poderia bancar os custos da reforma porque a antiga gestão, liderada pelo advogado Marcos Malucelli, era contra o endividamento do clube.
"Eu queria mostrar para eles [conselheiros] que não tinham com o que se preocupar ao assinar esse contrato. Grandes clubes brasileiros não estavam pagando suas dívidas e assumindo compromissos de sediar uma Copa", afirmou, citando os exemplos de Corinthians e Internacional.
O secretário disse que, hoje, melhor informado sobre os trâmites legais envolvendo a tomada de empréstimo de um órgão público, não há chance de o Atlético não honrar os contratos que vier a assinar. "Hoje tenho mais conhecimento, uma visão muito clara de que vai ter de pagar. É evidente que o financiamento tem regras, já que, além do BNDES, o Banco Central cobra muito", disse, tentando amenizar a polêmica.
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