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Obras da Arena da Baixada, estádio da Copa em Curitiba: PIB baixo traz expectativa de um retorno mais modesto para os investimentos feitos na cidade | Gary Hersom/Reuters
Obras da Arena da Baixada, estádio da Copa em Curitiba: PIB baixo traz expectativa de um retorno mais modesto para os investimentos feitos na cidade| Foto: Gary Hersom/Reuters

De malas prontas

Potências do esporte e países vizinhos lideram demanda por ingressos

A combinação entre renda, distância e tradição no esporte, como atributos para atrair turistas estrangeiros, pode ser vista na distribuição geográfica dos pedidos de ingressos para os jogos do Mundial. Dos dez países que mais solicitaram entradas para as disputas na primeira fase de venda, três são vizinhos sul-americanos: Argentina (3.º), Chile (5.º) e Colômbia (9.º), que combinam distâncias menores e maior paixão pelo futebol.

Estados Unidos e Canadá (que não participa do mundial) combinam alta renda e distâncias não tão grandes quanto as dos europeus e figuram na lista dos que mais procuraram ingressos. Potências econômicas e futebolísticas, Inglaterra e Alemanha estão no top 10, bem como os distantes, porém de alta renda, Austrália e Japão, que completam a lista.

A média do PIB per capita dos oito países que mais buscaram entradas para os jogos é de US$ 34,7 mil, mais de duas vezes a média da renda dos turistas que vêm a Curitiba e três vezes maior que o PIB per capita brasileiro.

Você fala persa?

As oito seleções que vão desfilar por Curitiba trazem consigo cinco idiomas diferentes. Mais tradicionais entre as escolas de idiomas, o inglês, o espanhol e o francês saem na frente – Austrália e Nigéria falam o inglês; Espanha, Equador e Honduras têm o espanhol como língua oficial; e a Argélia fala francês, além do árabe. Idiomas mais exóticos aos ouvidos brasileiros, russo e persa (língua oficial do Irã) têm menos opções de cursos de línguas. O Centro de Línguas da UFPR oferece um curso de 45 horas/aula de russo. No caso do persa, o Senac oferece um curso a distância com carga total de 100 horas.

A média do PIB per capita das seleções que vêm a Curitiba é uma das menores entre as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Os oito países que vão jogar na Arena da Baixada têm uma riqueza média, por pessoa, de US$ 16,4 mil (R$ 38,2 mil), metade do valor dos times que vão jogar em Salvador (US$ 33,3 mil). A capital baiana está no topo da lista dos mais afortunados, enquanto na ponta de baixo da lista estão em Brasília (US$ 15,9 mil) e em Fortaleza (US$ 13,9 mil).

INFOGRÁFICO: Renda média dos países que têm seleções classificadas para a Copa é a terceira menor em Curitiba

Na capital paranaense, com exceção da Espanha, Rússia e Austrália – esta com o segundo maior PIB per capita do Mundial, atrás da Suíça –, todas as nações têm uma riqueza média menor que a do Brasil, que em 2012, segundo dados do Banco Mundial, era de US$ 11,3 mil. A Nigéria, que também joga em Curitiba, tem o terceiro menor PIB per capita entre as nações que participam da Copa de 2014, com renda por habitante de apenas US$ 1,5 mil. O valor equivale a apenas 13% da média brasileira.

Distância e tradição

Claro que só o PIB per capita não vai definir a vinda ou não de turistas estrangeiros, tampouco o valor gasto pelo torcedor em cada uma das cidades-sede. Mas é um indicativo para mensurar ganhos com a Copa, dizem analistas, que acrescentam à "lista de atratividade" a tradição no esporte e a distância entre os países e o Brasil.

"A renda média tem efeito direto sobre a vinda do torcedor, que vai possibilitar vir a um lugar tão longe, mas a tradição pesa muito também. A Austrália, por exemplo, tem uma renda muito maior que a da Espanha, mas tem uma distância maior para o Brasil e menos tradição no esporte", exemplifica Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri Consultoria.

Oliver Kawase Seitz, PhD em indústria do futebol pela Universidade de Liverpool, pontua que o PIB per capita pode ser um indicativo até de retorno aos investimentos feitos para receber o Mundial. "Todas as cidades fizeram investimentos semelhantes em estádios e infraestrutura, mas algumas terão um retorno maior que outras com base no sorteio da Copa. Há cidadãos de países com limitações de gastos e representatividade muito menor. Acho que Curitiba se deu mal nessa situação", opina.

África do Sul

Cada turista estrangeiro gastou, em média, US$ 3.142 (R$ 7,2 mil) durante a Copa da África do Sul, em 2010. O dado é de um estudo da consultoria Grant Thornton, que revela que aproximadamente 350 mil visitantes estrangeiros gastaram US$ 1,1 bilhão no país. Esse valor médio gasto no último Mundial é maior que o PIB per capita de cinco nações que participam da Copa do Mundo de 2014: Honduras (US$ 2,3 mil), Gana (US$ 1,6), Nigéria (US$ 1,5 mil), Costa do Marfim (US$ 1,244) e Camarões (US$ 1,1 mil).

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