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Mario Celso Petraglia (terceiro da direita para a esquerda), em audiência na Câmara de Vereadores de Curitiba: financiamento do estádio segue indefinido | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Mario Celso Petraglia (terceiro da direita para a esquerda), em audiência na Câmara de Vereadores de Curitiba: financiamento do estádio segue indefinido| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Potencial

O potencial construtivo recebido pe­­lo Atlético valorizou R$ 33 milhões em um ano. É nisso que se apoiam os organizadores da Copa em Curitiba ao usar esses títulos, que valiam R$ 90 milhões em 2010, como garantia para pedir um financiamento de R$ 123 milhões ao BNDES. A explicação da prefeitura é que houve reajuste pelo custo unitário básico (CUB), indicador da construção civil. Se­gun­­do o Sindicato da Indústria da Cons­­trução Civil (Sinduscon-PR) a variação entre agosto de 2010 e de 2011 foi de 7,86%, elevando o valor dos papéis para R$ 97,9 milhões. Ainda de acordo com o sindicato, a valorização natural poderia ajudar a elevar esse número.

A Comissão da Copa da Câmara dos Vereadores de Curitiba recebeu ontem Mario Celso Petraglia, presidente da Comissão da Copa do Atlético, na esperança de que fossem esclarecidos alguns pontos ainda obscuros em relação à conclusão da Arena para o Mun­­dial 2014. Ficou apenas na esperança.

A principal resposta que os vereadores pretendiam escutar de Petraglia era sobre como o Atlético vai angariar recursos e qual é o valor do orçamento final. Porém tiveram de se contentar com poucas pistas e a mesma previsão de custo de R$ 180 milhões, já com isenções fiscais.

"Não foi respondido. Ele [Pe­­traglia] explicou em linhas gerais o orçamento, quem é responsável pelas partes e que estão buscando negociações com a Agência de Fomento [do governo do Paraná] e o BNDES [Banco de Desenvol­­vi­­men­­to Econômico e Social]. Falou também que o processo está em negociação e que não poderia falar mais porque não há um parecer", comentou o presidente da Comissão da Câmara, Pedro Paulo (PT).

As incertezas cercam o próprio Petraglia. Com os prazos cada vez mais apertados, a urgência para o i­­nício da obra não permite que o clube busque empréstimos a tempo. "A obra inicia dia 3 [de outubro]. Com qual recurso, com dinhe­­­iro de on­­de, ainda não sabemos. Mas não temos mais tempo pa­­­­­­ra ter dinheiro em caixa, senão per­­deremos a Copa das Con­­fe­­de­­ra­­ções [em 2013]", disse Pe­­tra­­glia.

Uma saída seria utilizar recursos do próprio clube para dar o pontapé inicial, porém isso de­­penderia da anuência do Con­­se­­lho Administrativo do Furacão, presidido por Marcos Malucelli, adversário político de Petraglia. O assunto deve ser debatido na assembleia do Conselho Delibera­­tivo do clube, no dia 27.

Independentemente de quando, ele sabe que um financiamento do BNDES é viável, pois o órgão tem afrouxado algumas regras em relação ao Mundial. Além disso, o Paraná tem direito a R$ 400 milhões para obras de infraestrutura e estádio, como consta na linha de crédito BNDES ProCopa Arenas. "Estamos seguros de que sairá o financiamento, mas isso é assunto da Agência de Fomento com eles", seguiu Petraglia.

A realidade é um pouco diferente. Segundo Samuel Suss, diretor jurídico da Agência de Fo­­mento, órgão que gere o Fundo de De­­senvolvimento do Estado (FDE), o dinheiro existe, mas sua liberação depende de um projeto a ser elaborado pelo Atlético.

A proposta do clube deve surgir somente depois da formalização da Sociedade de Propósito Específico (SPE) – pessoa jurídica que será criada para receber os empréstimos e contratar empresas para a obra. "[Do projeto atleticano] serão avaliados a viabilidade econômica, garantias, contrapartidas e se está tudo dentro das normas do BNDES e do FDE [Fun­­do de Desenvolvimento Econô­­mi­­co do Paraná]", completou Suss.

É nessa engenharia financeira que o Atlético se apoia para receber ao menos R$ 120 milhões, valor equivalente a dois terços, de responsabilidade dos governos estadual e municipal. Como o BNDES não aceita o potencial construtivo – créditos imobiliários – como garantia, o clube terá como ponte a Agência de Fo­­mento. Esta buscará os recursos e provavelmente receberá apenas o potencial construtivo como garantia.

Os R$ 45 milhões – o clube diz já ter gastado R$ 15 milhões no projeto e na compra do terreno ao lado da Arena – que são de responsabilidade do Atlético, ainda não está totalmente definida. O mercado financeiro deve ser acionado. Nesse ponto reside o receio da atual diretoria rubro-negra, que não aceita usar o patrimônio do clube como garantia. A ideia inicial de Petraglia é colocar o terreno vizinho, a futura Areninha ou o Centro de Treinamento do Caju na negociação.

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