Sem a liberação do empréstimo de R$ 138,4 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a sequência da demolição de parte da estrutura do estádio e a construção de um muro de arrimo na divisa do terreno com a Rua Brasílio Itiberê serão os próximos passos da obra na Arena da Baixada. A primeira parcela do financiamento era prevista para março, mas até o momento valor algum foi creditado e nem está certo quando será.
A incerteza causada pelo enrosco contrasta com o otimismo do último mês, quando era dada como certa a liberação rápida do dinheiro. "Vamos aparar algumas arestas e detalhar exigências do banco, principalmente em relação à segurança do empreendimento, de cronograma e valor. Com certeza no mais tardar em março teremos a formalização dos contratos e a liberação da primeira parcela", afirmava o presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia, durante visita do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, em fevereiro.
Inicialmente o valor do financiamento era de R$ 123 milhões. A quantia atual corresponde a 75% do valor total de R$ 184,6 previstos para a obra. A fatia do BNDES pertence a uma linha de crédito específica para a Copa do Mundo, a ProCopa Arenas. A transferência será viabilizada por uma triangulação com a Fomento Paraná, instituição de economia mista ligada ao governo estadual, que ficará responsável por receber o valor e repassá-lo ao Atlético.
O clube dará como garantia o Centro de Treinamento do Caju, no valor de R$ 46 milhões. Para fechar a conta, os outros R$ 92 milhões são dos títulos do potencial construtivo, de responsabilidade dos governos municipal e estadual.
Segundo o BNDES, a transação ainda está sob análise para eventuais ajustes. O órgão explicou ser difícil definir quais os futuros passos, pois muitos deles estão sob sigilo. Do outro lado, o Atlético também diz apenas que o processo está em andamento. A prefeitura informou que vai ceder os títulos do potencial construtivo aos poucos, conforme as parcelas do financiamento saírem.
"A dificuldade é a liberação legal. Faltam documentos e tem a demora da burocracia. Sessenta, noventa dias...", admitiu o secretário estadual para Assuntos da Copa, Mario Celso Cunha, em entrevista na última semana à "Rádio CBN".
Aos poucos, as declarações de que "está tudo dentro do cronograma" dão lugar a tímidas admissões do atraso. Foi o que ocorreu com o governador Beto Richa na quinta-feira, após a divulgação por parte do Tribunal de Contas da União (TCU) que a Arena é o estádio mais atrasado, com apenas 8,5% das obras concluídas. A partir de amanhã faltará apenas um ano para o fim do prazo previsto pelo Atlético para a conclusão da reforma.
Canteiro de obras
O processo de desmontagem já deixou a Arena com um visual bem diferente. Na última semana o clube concluiu a primeira fase das obras de adaptação, com a retirada da cobertura e das 25 mil cadeiras. O próximo passo é a construção do muro de arrimo na Brasílio Itiberê. Também estão no cronograma a demolição de seis pilares antigos, considerados inadequados por atrapalharem a visão da torcida.
No lado de fora o avanço são as desapropriações de 11 imóveis. "A maioria dos proprietários já concordou e o restante está negociando com a prefeitura", afirmou o secretário municipal para Assuntos da Copa, Luiz de Carvalho. A liberação dos espaços é necessária para adequar o entorno às exigências da Fifa.
A reportagem apurou que pelo menos cinco donos de imóveis já acertaram o valor da indenização. "Será tudo desapropriado, quer queira ou quer não. A prefeitura está irredutível", contou um dos proprietários, que pediu para não se identificar. Segundo ele, a quantia a ser paga é um pouco menor que o valor real do imóvel. O depósito deve ser feito em até 90 dias e a partir disso há o prazo de um mês para desocupação dos imóveis.
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